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quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Gatos obesos, como emagrecer?

A obesidade é definida como excesso de peso 15% a 20% acima do peso ideal, devido ao excesso de tecido adiposo (gordura corporal), e ocorre quando a quantidade de energia adquirida (pela ingestão de alimento), é superior à quantidade de energia despendida pelo animal (através do exercício e metabolismo).



Atualmente observamos um grande número de gatos obesos (alguns autênticos "Garfields") nas consultas, e os fatores associados  a este problema são: excesso de alimento fornecido pelos donos, falta de exercício físico (os gatos de interior têm maior tendência para obesidade que gatos com acesso ao exterior), esterilização cirúrgica (animais castrados têm menos 30% de necessidades calóricas, como tal a dieta deverá ser adaptada para prevenir a obesidade), fatores genéticos e distúrbios metabólicos.

Tal como nos humanos, a obesidade nos felinos predispõe a uma série de outras doenças e complicações tais como diabetes tipo II, osteoartrite, problemas urinários (como infeções e obstruções por cálculos urinários), dificuldade respiratória (por compressão do tórax), problemas cardiovasculares e neoplasias.
Gatos obesos têm uma esperança média de vida inferior a gatos não obesos.


Como saber se o seu animal está obeso?


Tabela de classificação de condição corporal


Um animal com peso ideal deve ser bem proporcionado, deve ser possível observar uma linha de cintura atrás das costelas, e devemos conseguir sentir as costelas por baixo de uma pequena quantidade de gordura.

Se não conseguir sentir as costelas do seu gato, ele estará definitivamente obeso.



Como emagrecer o seu felino?



Em primeiro lugar será necessário o compromisso de todos os membros da casa no sentido de respeitar as regras da dieta que irá ser iniciada.

Dieta
O seu médico veterinário assistente irá determinar qual o tipo de alimento ideal para o seu gato e qual a quantidade diária a ser administrada, de forma a atingir o peso ideal.

A quantidade de alimento determinada deverá ser administrada ao longo do dia, dividida em refeições a hora específicas e com quantidades específicas.

Exercício
A atividade física deve ser estimulada através de brincadeiras, usando os ponteiros laser, as canas de pesca, colocando alimento em locais em que o gato tenha que se exercitar para o ir buscar, ou até adquirindo outro animal.

Prevenção

As quantidades diárias de alimento recomendadas pelas marcas ou pelo seu médico veterinário devem ser respeitadas. Evite ceder à tentação de ter sempre o alimento à disposição na forma de "taça cheia".

Após a esterilização as necessidades calóricas do seu gato diminuem muito, deverá por isso adaptar a quantidade e tipo de alimento do seu animal, idealmente optando por dietas específicas para gatos esterilizados.


Três fatores a ter em consideração

Tipo de alimento+Quantidade de alimento+Exercício físico


Mantenha o seu gato saudável!


terça-feira, janeiro 28, 2014

Tumores mamários em cadelas e gatas


Os tumores mamários em cadelas ou gatas continuam a ser dos tumores mais frequentes que surgem na prática clínica diária.



São mais comuns em animais que não foram esterilizados, ou que foram esterilizados tardiamente.

A esterilização precoce, até aos 2 anos de idade, tem um efeito protetor, reduzindo a probabilidade de surgirem tumores mamários mais tarde, sendo que, quanto mais cedo a esterilização for feita, menor a probabilidade de ocorrerem tumores (animais esterilizados antes do primeiro cio têm uma probabilidade quase nula de desenvolverem a patologia).

O uso de anovulatórios ( a pílula ou a injeção para não ter o cio), também aumenta a probabilidade das gatas ou cadelas virem a ter estes tumores.

No caso das cadelas, 50% dos tumores são malignos e 50% são benignos. No caso das gatas, 85% dos tumores são malignos e muitas vezes extremamente agressivos.

Sintomas

  • Massa/nódulo palpável debaixo da pele do abdómen ou tórax (na zona circundante às mamas)
  • Descarga da glândula mamária
  • Ulceração da pele da glândula mamária
  • Dor
  • Falta de apetite
  • Prostração
  • Dificuldade respiratória


Frequentemente, o único sinal é a presença do nódulo sem qualquer outra alteração no animal.
Os sintomas relacionados com alteração de estado geral, estão associados a malignidade e metastização dos tumores.

Diagnóstico

Além do exame físico, podem ser realizadas citologias e biópsias para identificação do tumor. Rx torácico e ecografia abdominal são realizadas para avaliação de possíveis metátases (frequentes no pulmão e no fígado).

Tratamento

O tratamento de tumores mamários passará quase sempre pela resolução cirúrgica (no caso das cadelas existe um tipo específico de tumor muito agressivo para o qual a cirurgia não trará benefícios - o carcinoma mamário inflamatório).
Quanto mais pequeno for o nódulo, melhor será o prognóstico, portanto, a rapidez da decisão é importante.
O tipo de cirurgia realizada dependerá de vários fatores como o tipo de tumor, a sua localização, a sua dimensão. O seu médico veterinário avaliará a situação, e a cirurgia poderá consistir apenas na remoção do nódulo, ou ter uma abordagem mais agressiva, sendo feita a remoção de toda uma cadeia mamária (todas as mamas do mesmo lado).

Já existem protocolos de quimioterapia disponíveis mas a sua eficácia não é ainda totalmente clara.

Prognóstico

O prognóstico depende muito do tipo de tumor e do seu estado de evolução, no entanto, muitos animais, com intervenções precoces (tumores à altura da cirurgia com dimensão inferior a 3 cm), podem viver muitos anos.


Pontos chave

  • A esterilização precoce de gatas e cadelas previne tumores mamários
  • O uso de pílulas e injeções anticoncepcionais aumentam a probabilidade de existirem tumores
  • Quanto mais cedo for realizada a cirurgia, maior será a probabilidade de sobrevivência por mais tempo do animal.







quinta-feira, outubro 24, 2013

O seu cão arrasta o ânus pelo chão?




Se já observou este comportamento no seu cão, muito provavelmente, ou está perante um problema de parasitas intestinais, ou perante um problema dos sacos anais.

Hoje vou falar da doença dos sacos anais.

Os problemas de sacos anais surgem com alguma frequência, principalmente em cães de raças pequenas. Os gatos também podem ser afetados.


O que são os sacos anais?

Os sacos anais são duas estruturas em forma de gota, que se localizam de cada lado do ânus, sensivelmente nas posições das 4 e das 8 horas.

Estes sacos produzem uma secreção semi-oleosa, normalmente de cor acastanhada ou acinzentada, com um cheiro que geralmente varia entre o horrível e o pestilento!

O conteúdo dos sacos é eliminado quando ocorre contração dos esfincteres anais, quer no decorrer da defecação normal, quer quando se encontram nervosos e agitados.

Esta secreção produz um odor próprio de cada animal, e serve como forma de identificação individual e marcação de território através das fezes.


Como se desenvolvem os problemas dos sacos anais?

A doença dos sacos anais desenvolve-se em três fases: impactação, saculite, e abcesso.

A impactação dos sacos anais ocorre quando a secreção se torna muito espessa, ocorrendo acumulação e distensão do saco anal. Esta secreção costuma ser de cor acastanhada.
Nesta fase, é necessário realizar a expressão manual do conteúdo dos sacos (processo vulgarmente conhecido como: "espremer as glândulas"). Este procedimento é feito pelo médico veterinário ou pelo próprio proprietário do animal (após instrução do médico veterinário).

Atenção, só é necessário realizar este procedimento quando o animal tem impactação do saco anal. Um animal que não manifesta qualquer problema não precisa de o fazer.




Quando ocorre inflamação do saco anal estamos perante uma saculite anal, e surge na sequência de um processo de impactação. Nesta fase pode ocorrer infeção bacteriana, e a secreção torna-se mais fluída e com coloração amarelada, esverdeada (pus) ou sanguinolenta.

Na fase final do processo pode ocorrer um abcesso cuja parede pode roturar e desenvolver-se fístula através da qual sai o conteúdo.


Quais as causas?

A causa exata não é conhecida. Parece haver maior predisposição em raças pequenas, animais obesos, animais com tonicidade dos esfincteres anais diminuída, e animais com tendência a ter fezes mais moles ou diarreia.


Quais os sinais e sintomas de doença do saco anal?

  • Animal arrasta o ânus pelo chão
  • Animal lambe constantemente o ânus e zona peri-anal
  • Tenesmo (tentativas repetidas para defecar) e dificuldade em defecar
  • Tumefacção de um dos lados do ânus, normalmente muito dolorosa e vermelha nas situações de saculite e abcesso
  • Descarga purulenta ou sanguiolenta resultante da rotura de um abcesso
  • Febre (situações graves)

Qual o tratamento?

Nos animais com episódios de impactação frequente é necessário realizar a expressão manual dos sacos anais numa base regular.

Quando se desenvolve saculite anal, é realizada a expressão manual do conteúdo dos sacos anais, seguido de antibioterapia local e sistémica.

A resolução dos abcessos passa por limpeza da zona e antibioterapia. Se o abcesso não tiver roturado, o seu médico veterinário poderá proceder à abertura cirúrgica do mesmo. 

Muitos deste procedimentos podem requerer a sedação do animal, visto este ser um processo muito doloroso.


Nas situações de saculite e abcessos recorrentes, pode ser necessário realizar a remoção cirúrgica do saco anal.

terça-feira, outubro 22, 2013

Otites em cães e gatos

A otite externa em cães e gatos, mais concretamente a inflamação do canal auditivo externo, é uma das razões mais comuns pelas quais os donos levam cães e gatos à consulta.


O canal auditivo externo corresponde ao canal vertical mais o canal horizontal
(forma de L), que se estende desde o pavilhão auricular (orelha), até ao tímpano

Sintomas

Um animal com otite externa apresenta normalmente prurido auricular, abana e sacode frequentemente as orelhas, roça as orelhas pelas paredes e chão, as orelhas apresentam-se com cor avermelhada, pele espessada, pode existir secreção mais abundante com cor que pode variar desde o amarelado, ao esverdeado e ao castanho escuro. A secreção apresenta frequentemente um cheiro nauseabundo. Muitas vezes a orelha encontra-se para baixo e o animal inclina a cabeça para o mesmo lado da otite. A situação pode ser bastante dolorosa.





Causas

As causas e fatores predisponentes para o aparecimento de uma otite externa são variadas:

  • Causas alérgicas, ambientais ou alimentares
  • Corpos estranhos - entrada de ervas no canal auditivo (vulgarmente as praganas-espigas no Verão)
  • Entrada de água no canal auditivo (resultante de banhos)
  • Distúrbios de queratinização- como Seborreia idiopática 
  • Excesso de produção de cerúmen
  • Bactérias - como Staphylococcus spp. e Pseudomonas, responsáveis frequentemente por otites crónicas
  • Fungos e leveduras - como Malassezia pachydermatis
  • Ácaros - como o Otodectes Cynotis, esta infeção é bastante comum, principalmente nos gatos, e é responsável pelo aparecimento de uma secreção castanha escura, onde por vezes se conseguem vizualizar pontos brancos a olho nu (os ácaros)


  • Tumores e pólipos

Diagnóstico

O diagnóstico de otite externa é feito através do exame clínico, observação do canal auditivo externo e eventualmente citologia para determinar o agente infeccioso envolvido.




Tratamento

O tratamento de uma otite externa depende da sua causa, com já vimos, as otites não são todas iguais, e passa pela correção das causas sistémicas e pelo tratamento local da causa específica.

Genericamente o tratamento de uma otite passa por uma limpeza do canal auditivo (veja como limpar os ouvidos do seu animal), por aplicação de gotas ou pomada com antibiótico, antifúngico ou antiparasitário, diretamente no canal auditivo, e por vezes, por terapêutica oral associada.


Observe regularmente os ouvidos do seu animal e esteja atento aos sintomas, desta forma poderá atuar mais precocemente e prevenir complicações e danos mais extensos.






terça-feira, setembro 24, 2013

Piómetra

Um problema de gatas e de cadelas



A decisão de esterilizar ou não a sua cadela ou a sua gata, não passa apenas por uma necessidade de controlar a questão reprodutiva, está muitas vezes associada a fatores emocionais, como o receio de que algo corra menos bem durante a cirurgia, convicções pessoais, relacionadas normalmente com a vontade de não interferir na verdadeira natureza do animal, fatores económicos, tão presentes em tempos como os que vivemos atualmente, e fatores médicos, em que a esterilização surge como forma de prevenir ou tratar patologias bastante frequentes nos nossos amigos de patas e bigodes.

Uma das patologias mais comuns é a piómetra.

Para uma melhor compreensão da patologia, coloquei algumas imagens que poderão eventualmente impressionar alguns dos leitores mais sensíveis.


O que é uma piómetra?

Piómetra é uma infeção do útero, ocorre secundariamente a alterações hormonais.
É uma patologia, que não tratada, pode colocar o seu animal em risco de vida.

Após o cio, a hormona prevalente é a progesterona. Por ação hormonal, o revestimento do útero torna-se mais espesso para poder suportar uma gravidez. Quando esta não ocorre durante vários ciclos, o revestimento vai ficando mais espesso e formando quistos (hiperplasia quística do endométrio).
Estes quistos secretam fluído, criando um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias. As bactérias entram no útero por via ascendente, ou seja, as bactérias que se encontram na vagina, passam para o útero através do cérvix.


À direita: útero normal de gata
À esquerda: útero de gata com piómetra


Quais as causas do desenvolvimento de uma piómetra?

A piómetra desenvolve-se em animais inteiros (não esterilizados), devido a alterações hormonais, 2 a 8 semanas após o cio.

A piómetra pode ser ainda provocada por administração de hormonas para:
  • Prevenir o cio e uma gravidez , como pílulas e injeções anticoncecionais. A administração destes medicamentos aumenta muito o risco de desenvolvimento desta patologia, sendo desaconselhada a sua administração.
  • Aborto
Animais de qualquer idade podem ser afetados.


Quais os sintomas?
  • Corrimento vaginal, com coloração que pode variar entre o amarelado, acastanhado, esverdeado ou com presença de sangue. Alguns animais não têm um corrimento muito exuberante, sendo por vezes visíveis apenas algumas pequenas manchas que ficam nos locais onde o animal se deitou. Noutros animais, o corrimento pode não ser visível devido aos hábitos de higiene do próprio animal.
  • Prostração e pouco apetite
  • Poliúria (o animal urina mais)
  • Polidipsia (o animal bebe mais água)
  • Dilatação abdominal
  • Vómito´
  • Febre pode estar presente

Atenção, um animal com piómetra pode apresentar corrimento vaginal e apresentar um bom estado geral e atividade durante algum tempo, o problema não se resolverá por si, e o animal deverá ser consultado rapidamente por um médico veterinário.

Existem animais com piómetra nos quais não há corrimento vaginal, esta situação é denominada de piómetra fechada. Neste caso, o conteúdo uterino não é expelido para o exterior e vai-se acumulando. Estes quadros são por norma mais graves, e vêm com evoluções mais avançadas. O risco de rotura do útero e contaminação da cavidade abdominal é elevado.
Uma queixa comum que leva os proprietários destes animais à consulta, é o fato da sua cadela ou gata estar com dificuldades em defecar, isto ocorre porque o útero se torna tão volumoso que provoca compressão e obstrução do intestino, não permitindo a passagem das fezes.


Como se diagnostica uma piómetra?

Os sintomas acima descritos num animal não esterilizado tornam a suspeita de piómetra muito provável. 
Podemos recorrer à ecografia abdominal para confirmar o diagnóstico, principalmente nas situações de piómetra fechada, nas quais não observamos corrimento vaginal.
Um hemograma pode revelar um aumento de neutrófilos (glóbulos brancos).


Quais os tratamentos disponíveis?

O melhor tratamento é a ovariohisterectomia (esterilização), cirurgia na qual são removidos os óvários e o útero.


Aspeto de um útero de cadela normal durante a ovariohisterectomia

Resolução cirúrgica de piómetra em cadela.
O animal pesava 5 Kg
O útero pesava 1,350Kg


Após a cirurgia o animal mantem tratamento com antibibiótico durante 10 a 15 dias.

Existe como alternativa, a possibilidade de fazer um tratamento médico com prostanglandinas. Este tratamento comporta alguns riscos e a sua eficácia não é elevada.



O tratamento de eleição é a cirurgia.

A prevenção eficaz é a esterilização precoce de gatas e cadelas.



quinta-feira, setembro 19, 2013

O meu gato terá que ser vacinado?

Quais são as vacinas necessárias?


Muitos leitores terão gatos em casa que nunca foram vacinados, ou então, começaram por fazer as primeiras vacinas e nunca mais efetuaram os reforços anuais. Associada à não vacinação, está a total ausência de acompanhamento médico veterinário, porque não existe o hábito de realizar consultas de rotina. 

O argumento principal para a não vacinação dos gatos é normalmente o fato dos felinos em causa nunca sairem de casa (ou quase nunca).

Na realidade, se efetivamente o seu gato nunca tem qualquer contato com o espaço exterior ou qualquer contato com outros gatos, o risco de contrair doenças infeciosas será mínimo ou nulo.

No entanto, sem se aperceber, poderá colocar o seu animal em risco de contrair estas doenças ao  longo da sua vida em diversas situações:

  • Quando tem de se ausentar e tem de deixar o seu animal na casa de um amigo que tem outros gatos
  • Quando deixa o seu animal num gatil hotel
  • Quando leva para casa aquele gatinho que está há dias à porta do seu emprego a pedir um dono (situação frequente para os amantes de gatos)
  • Quando decide adquirir outro gato para fazer companhia ao já existente
  • Quando muda de casa e de repente o gato passa a ter aceso ao exterior
  • Quando o animal precisa de ser hospitalizado por qualquer outra patologia

A vacinação anual do seu gato, além de o proteger contra inúmeras doenças infeciosas, permite que pelo menos uma vez por ano, o seu felino seja observado e possa ser avaliado o seu estado geral de saúde, sendo assim possível detetar mais precocemente variadas patologias, informar e aconselhar os proprietários, ou seja, vacina anual é igual a consulta anual.


Os gatinhos poderão começar a ser vacinados às 8 semanas de vida.



A vacinação inicia-se habitualmente com uma vacina trivalente que ajudará a proteger o seu gatinho contra a rinotraqueíte infeciosa, a calicivirose (doenças que afetam o trato respiratório superior) e contra a panleucopénia felina (gastroenterite viral). Será feito um reforço após 3 a 4 semanas.
Necessita de reforço anual.
Atenção, gatos vacinados contra rinotraqueíte felina e calicivirose poderão desenvolver as doenças porque não é conseguida uma imunidade total, no entanto, os quadros clínicos de gatos vacinados são bastante ligeiros e simples de resolver, os quadros de gatos não vacinados podem ser bastante graves, com complicações associadas e risco de vida do animal.

A vacinação contra a leucemia felina (ou leucose felina) é sempre muito controversa, havendo algumas correntes de opinião, e poderá encontrar variados artigos, em que a vacinação contra esta doença é desanconselhada por ter sido muito associada ao desenvolvimento de fibrossarcomas (tumores do tecido subcutâneo, muito agressivos e invasivos), no local da inoculação da vacina.
Eu aconselho sempre esta vacina pelas razões que já expliquei.
Em relação ao risco de desenvolvimento de fibrossarcomas a minha experiência é a seguinte:

  • Existem mais animais com leucemia felina do que com fibrossarcomas, como tal, sendo o risco de contrair a doença superior, quanto a mim é preferível optar pela vacinação.
  • Os casos de fibrossarcoma que já segui não estavam associados à vacinação contra  leucemia felina, aliás, um dos casos era de um gato que nunca tinha feito uma injeção sequer na sua vida.

Se o seu gato não sair realmente de casa e não tiver contato com outros gatos, o risco de contrair a doença será mínimo e poderá optar por não administrar esta vacina.

A primovacinação contra leucemia felina é feita com duas doses com intervalo de 3 a 4 semanas, sendo depois necessário um reforço anual.
O seu médico veterinário poderá querer despistar com uma análise de sangue, se o seu gato é portador de leucemia felina antes de iniciar a vacinação.

A vacinação contra a raiva não é obrigatória em Portugal, ficando ao critério dos donos se a desejam ou não fazer.


Espero ter sido esclarecedora.

quinta-feira, setembro 12, 2013

Intoxicação por ingestão de uvas em cães

Sabia que seu cão não pode comer uvas?


Por esta altura já vários leitores estarão a comentar " o meu cão toda a vida comeu uvas e nunca ficou doente ou intoxicado".

As uvas e passas de uva podem ser tóxicas para o seu cão (também para gatos, mas estes são mais seletivos naquilo que ingerem e estas situações são menos frequentes).

Ainda não se conseguiu determinar exatamente, qual o composto que provoca a toxicidade (ocratoxina, taninos, pesticidas), e na verdade, nem todos os cães desenvolvem quadros de intoxicação após a ingestão de uvas.

O mecanismo da intoxicação não está definido, mas o risco da situação reside no fato de muitos cães desenvolverem uma insuficiência renal aguda que os poderá levar à morte.


Sintomas de intoxicação
  • Vómito, pode iniciar poucas horas após a ingestão
  • Diarreia (pode conter vestígios de uvas)
  • Perda de apetite, fraqueza
  • Dor abdominal
  • Oligúria (o animal urina pouca quantidade)
  • Anúria (o animal não produz urina, estaremos perante uma insuficiência renal aguda).

Primeiros socorros em casa

Se perceber que o seu animal ingeriu uvas e passaram menos de duas horas após a ingestão, poderá induzir o vómito:

  • Administre por via oral peróxido de hidrogénio a 3 º/o (água oxigenada a 10 volumes, a vulgar para desinfeção de feridas), entre 1 a 5 ml por Kg. Aguarde 15 minutos para o animal vomitar. Se não funcionar poderá repetir o processo mais duas vezes.
  • Administre água saturada de sal (a água fica branca de sal). Este método é menos usado mas também eficaz.

Atenção, só poderá induzir o vómito do seu cão se este estiver completamente consciente.
Se não conseguir induzir o vómito, ou se conseguir mas o animal está muito prostrado ou apresenta outros sintomas, deverá dirigir-se à clínica ou hospital veterinário.


Tratamento

O tratamento dependerá da situação clínica do animal e da situação da sua função renal.
Nestes casos será sempre necessário fazer algumas análises para verificar até que ponto a função renal se encontra afetada.

O tratamento da intoxicação passa por fluidoterapia intensiva (soro), medicação para estimular a produção de urina quando esta é insuficiente e medicação para controlar os sintomas da parte gastrointestinal (os vómitos e diarreia).
Quando em presença de uma insuficiência renal aguda em que não se verifica rapidamente uma evolução positiva, está indicado fazer hemodiálise ou diálise peritoneal.

Prevenção

Não ofereça uvas ou passas de uva como guloseima ou recompensa ao seu cão, e se verificar que ele tem especial apetência por este fruto, não o deixe acessível onde o seu animal possa chegar.


Mesmo que o seu animal nunca tenha manifestado sinais de intoxicação após a ingestão de uvas, jogue pelo seguro.

sábado, agosto 17, 2013

Como limpar os ouvidos do seu animal de estimação?


A observação e higiene regular das orelhas e condutos auditivos do seu cão ou gato é muito importante porque permite detetar os problemas associados mais precocemente e prevenir situações mais graves.

É frequente os animais chegarem à consulta já com otites graves, orelhas traumatizadas ou até otohematomas, resultantes de processos prolongados, e cujos donos só se aperceberam quando o animal começou a abanar insistentemente a cabeça, a coçar as orelhas, quando o cheiro se tornou nauseabundo ou a secreção purulenta começou a decorar as paredes da casa.
Uma das histórias mais comuns é "estou a dar banho ao meu cão todas as semanas e mesmo assim ele continua a cheirar muito mal", ficando muitas vezes os proprietários muito admirados quando percebem que o odor vem de uma otite instalada há semanas.



Os ouvidos são ambientes "quentes e húmidos" e cheios de curvas e reentrâncias, como tal, favorecem o desenvolvimento de alguns agentes como bactérias, parasitas e leveduras que causam inflamações e infeções. Alguns animais poderão ser mais sensíveis a estes problemas, como animais de orelhas caídas ou com muito pelo (como os Cocker Spaniel, os Basset Hound ou os Caniches), ou animais com problemas de alergias.


Com que frequência devo limpar os ouvidos do meu animal?

A frequência necessária dependerá do próprio animal.
Aconselho que observe os ouvidos do seu animal semanalmente. Se não apresentar detritos, não precisa limpar. Animais que produzam mais cerúmen podem beneficiar de uma limpeza semanal. Animais em tratamento para otites podem necessitar de limpeza mais frequente ( a determinar pelo médico veterinário). 
Atenção: a limpeza excessiva pode causar maior irritação dos ouvidos!


O meu animal não pára quieto e eu não consigo limpar ou ouvidos. O que fazer?

Esta é uma questão muito frequente. Os ouvidos são muito sensíveis e os cães e ou gatos não são muito fãs da sua manipulação, principalmente se a associarmos a um processo doloroso.
Tal como acontece com o corte de unhas, os animais devem ser habituados desde jovens à manipulação e limpeza dos ouvidos, associando esta manipulação a experiências agradáveis (pode oferecer uma recompensa como um biscoito).
Muitas vezes serão necessárias duas pessoas para levar a cabo e extenuante tarefa: uma segura, a outra limpa.
No caso dos cães será necessário manter a cabeça segura e quieta, no caso dos gatos poderá enrolar o animal totalmente numa toalha deixando apenas a cabeça livre. O ambiente deverá ser tranquilo e pode aproveitar as alturas em que os animais estejam mais dóceis ou cansados.
Teorias bonitas... Este será o comentário de alguns dos leitores. Grande verdade, para alguns animais poderá não ser possível executar esta tarefa.
Nestes casos continua a ser importante observar regularmente os ouvidos do seu animal para o poder levar ao veterinário assim que detetar algum problema.


Quais produtos que posso usar para limpar os ouvidos do meu animal?

Começarei pelos produtos que não pode usar: água, soro fisiológico, água oxigenada. Estes produtos deixarão o ouvido húmido e vão propiciar o desenvolvimento de infeções. Por esta razão é sempre recomendado um cuidado adicional quando se dá banho aos animais, evitando sempre que entre água dentro dos ouvidos. Poderá usá-los apenas para limpar a zona mais externa do ouvido secando depois muito bem (por vezes acumulam-se detritos que não conseguimos remover doutra forma).

Existem no mercado soluções próprias para a limpeza de ouvidos. Estas soluções permitem dissolver os detritos que se acumulam nos ouvidos. Pode encontrá-las em frasco ou em monodose. Qualquer centro veterinário as terá disponíveis. Existem também toalhitas para limpeza de ouvidos, não permitem no entanto uma limpeza mais profunda do conduto auditivo.


Qual o procedimento para uma correta limpeza?

1-Inspecione o ouvido do seu animal

2-Se a pele estiver lisa, rosada, sem descamação e sem detritos visíveis: não precisa fazer nada.


3-Se observar uma pequena quantidade de cera ou detritos de cor clara, sem cheiro, e a pele apresenta um aspeto saudável: coloque um pouco da solução de limpeza num algodão (ou use uma toalhita) e com ajuda do seu dedo remova todos os detritos. Não avance muito no canal auditivo e não use cotonetes porque pode empurrar as secreções mais para o interior e magoar o animal. Os cotonetes poderão ser utilizados apenas para a limpeza das pequenas curvas exteriores (principalmente nos gatos).

Colocar solução de limpeza auricular no algodão

Remover a secreção visível

Uso do cotonete para limpeza das pregas do ouvido do gato


4-Se verificar que existe muita secreção terá de efetuar uma limpeza mais completa: deve colocar umas gotas diretamente no canal auditivo, de seguida deve massajar a base da orelha (vai ouvir um som de chocalhar, sinal que o produto entrou e está a distribuir-se), o animal irá abanar a cabeça (deixe fazer) e o produto irá sair juntamente com as secreções em excesso. Remova depois com um algodão no dedo o líquido que ficou à entrada do canal auditivo.

Introduzir solução de limpeza auricular no canal auditivo
Massagem da base da orelha

Se verificar que
  • a secreção é exuberante 
  • a secreção tem cor preta, amarela ou esverdeada, 
  • a secreção tem um cheiro nauseabundo
  • a pele do pavilhão auricular está vermelha, a descamar, muito espessa
  • o animal abana a cabeça
  • o animal coça continuamente um ou os dois ouvidos
está na altura de o animal ser observado por um médico veterinário de forma a ser iniciado o tratamento adequado.

Monitorize regularmente os ouvidos do seu cão e do seu gato!