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terça-feira, outubro 22, 2013

Otites em cães e gatos

A otite externa em cães e gatos, mais concretamente a inflamação do canal auditivo externo, é uma das razões mais comuns pelas quais os donos levam cães e gatos à consulta.


O canal auditivo externo corresponde ao canal vertical mais o canal horizontal
(forma de L), que se estende desde o pavilhão auricular (orelha), até ao tímpano

Sintomas

Um animal com otite externa apresenta normalmente prurido auricular, abana e sacode frequentemente as orelhas, roça as orelhas pelas paredes e chão, as orelhas apresentam-se com cor avermelhada, pele espessada, pode existir secreção mais abundante com cor que pode variar desde o amarelado, ao esverdeado e ao castanho escuro. A secreção apresenta frequentemente um cheiro nauseabundo. Muitas vezes a orelha encontra-se para baixo e o animal inclina a cabeça para o mesmo lado da otite. A situação pode ser bastante dolorosa.





Causas

As causas e fatores predisponentes para o aparecimento de uma otite externa são variadas:

  • Causas alérgicas, ambientais ou alimentares
  • Corpos estranhos - entrada de ervas no canal auditivo (vulgarmente as praganas-espigas no Verão)
  • Entrada de água no canal auditivo (resultante de banhos)
  • Distúrbios de queratinização- como Seborreia idiopática 
  • Excesso de produção de cerúmen
  • Bactérias - como Staphylococcus spp. e Pseudomonas, responsáveis frequentemente por otites crónicas
  • Fungos e leveduras - como Malassezia pachydermatis
  • Ácaros - como o Otodectes Cynotis, esta infeção é bastante comum, principalmente nos gatos, e é responsável pelo aparecimento de uma secreção castanha escura, onde por vezes se conseguem vizualizar pontos brancos a olho nu (os ácaros)


  • Tumores e pólipos

Diagnóstico

O diagnóstico de otite externa é feito através do exame clínico, observação do canal auditivo externo e eventualmente citologia para determinar o agente infeccioso envolvido.




Tratamento

O tratamento de uma otite externa depende da sua causa, com já vimos, as otites não são todas iguais, e passa pela correção das causas sistémicas e pelo tratamento local da causa específica.

Genericamente o tratamento de uma otite passa por uma limpeza do canal auditivo (veja como limpar os ouvidos do seu animal), por aplicação de gotas ou pomada com antibiótico, antifúngico ou antiparasitário, diretamente no canal auditivo, e por vezes, por terapêutica oral associada.


Observe regularmente os ouvidos do seu animal e esteja atento aos sintomas, desta forma poderá atuar mais precocemente e prevenir complicações e danos mais extensos.






quinta-feira, setembro 26, 2013

Traqueobronquite infeciosa ou "tosse do canil"



A traqueobronquite infeciosa é mais conhecida pelos proprietários de cães como "tosse do canil" ou até, "gripe dos cães", é uma doença que afeta as vias aéreas superiores dos cães, e é de muito fácil transmissão, sendo mais frequente em animais que mantêm contacto próximo com outros animais, tal como acontece em hoteis canil  ou em albergues, ou até em hospitais veterinários.


Desenganem-se os donos que acham que os seus cães não estão em risco porque não frequentam estes espaços, o simples contacto com um animal infetado durante o seu passeio regular no jardim à porta de casa, pode ser o suficente para o seu cão contrair a doença.

A "tosse de canil" é uma doença que pode ocorrer em qualquer altura do ano, poderá ocorrer um pouco mais quando as temperaturas baixam e os espaços são menos ventilados.


Quais as causas desta doença?

Causas e não causa!
São vários os agentes patogénicos , de entre vírus e bactérias, responsáveis pelo desenvolvimento desta doença, podendo existir de forma isolada ou associada.
Os agentes mais comuns são:
  • a Bordetella bronchiseptica (Bb), uma bactéria
  • o vírus da Parainfluenza canina (Pi)
  • Adenovírus tipo 2
  • Herpesvírus canino
  • Reovírus canino

Como se transmite a doença?

É uma doença altamente contagiosa, transmite-se principalmente por via aérea (pela tosse e espirros) e por fomites (objetos e superfícies contaminadas, tal como comedouros e bebedouros).


Quais são os sintomas?

É uma doença caracterizada por acessos de tosse seca e intensa. Os proprietários descrevem frequentemente a situação com se o animal tivesse algo preso na garganta.
Estes acessos ocorrem frequentemente após um período de maior atividade ou excitação. 


Os animais podem por vezes parecer querer vomitar ou podem mesmo vomitar algum fluído.
Regra geral os animais encontram-se ativos, com apetite normal e sem febre.

A maior parte dos quadros clínicos é relativamente ligeiro e pode ser auto-limitante.

Existe a possibilidade de complicação para broncopneumonia, principalmente em animais muito jovens ou mais debilitados. Nestes casos, os animais podem surgir mais prostrados, com febre, sem apetite ou com dificuldades respiratórias.


Qual o tratamento?

O tratamento da doença consiste principalmente no alívio dos sintomas.
São administrados normalmente antibióticos para o tratamento da infeção com Bordetella bronchiseptica (Bb) e infeções bacterianas secundárias.


Como se previne?

A vacinação é a melhor forma de proteger o seu cão contra esta doença.
Existem várias vacinas disponíveis no mercado.


Muitas vacinas polivalentes (as que habitualmente administra ao seu animal anualmente) incluem a proteção contra o vírus da Parainfluenza canina mas não incluem proteção contra Bordetella bronchiseptica.

Poderá fazer uma Vacina injetável contra tosse de canil que inclui proteção contra os dois agentes.

As vacinas injetáveis devem ser administradas em duas doses com intervalo de 3 a 4 semanas. O animal encontra-se protegido 10 a 15 dias após a vacinação. O reforço é anual.

Existe ainda uma vacina de administração intranasal que confere proteção contra os dois agentes infeciosos mencionados e que poderá ser usada em situações em que os animais estão em maior risco de contrair a doença. Tem a vantagem de conferir uma maior proteção local e da imunidade se desenvolver em 4 dias. Como é uma vacina viva atenuada, alguns animais poderão desenvolver ligeiros sintomas da doença.

A desinfeção dos espaços e objetos e a ventilação do meio ambiente, são importantes medidas a tomar para diminuir a probabilidade de infeção por estes agentes patogénicos


Se pretende colocar o seu animal em hotel canil, é aconselhável efetuar a vacinação com pelo menos 15 dias de antecedência.






terça-feira, setembro 17, 2013

Parvovirose canina


Caro leitor, se é o orgulhoso dono de um cachorro ou cão jovem que ainda não completou as primeiras vacinas, ou se tem um cão que nunca vacinou ou já não vacina há alguns anos, é importante que leia esta artigo.
 
Quando o médico veterinário lhe recomenda que  não deve permitir o contato do seu cão  com outros cães dos quais desconheça o estado de vacinação, e não o deve levar para espaços públicos frequentados por outros cães enquanto as primeiras vacinas não forem administradas e se considere que o animal está protegido, o objetivo é reduzir a probabilidade do seu animal contrair doenças infeciosas graves e muitas vezes mortais.
 
Uma dessas doenças é a parvovirose canina.
 
 
O que é a parvovirose canina?
 
A parvovirose canina é uma doença viral altamente infeciosa e contagiosa que atinge a população canina. Os animais que têm até um ano de idade são os mais suscetíveis a desenvolver a doença, e os animais com idade até às 8 semanas são os que desenvolvem os quadros mais graves e com uma mortalidade superior.
Algumas raças, tal como o Rottweiler, o Pit Bull, o Pastor Alemão ou o Labrador retriever são também mais sensíveis à infeção.
Existem duas formas da doença: a forma intestinal e a forma cardíaca.
A forma cardíaca é menos comum. Afeta o músculo cardíaco normalmente em animais mais jovens. Provoca morte súbita.
A forma intestinal é a mais comum e é caraterizada por vómitos e diarreia, normalmente com sangue e muito nauseabunda.
 
 
Como se transmite?
 
O vírus é eliminado em grandes quantidades através das fezes dos animais doentes. O virus é altamente resistente no meio ambiente, podendo sobreviver meses, em ambientes muito quentes ou muito frios, e manter-se em objetos como taças de água ou comida, roupas, sapatos, brinquedos e camas. É resistente à maioria dos detergentes e desinfetantes.
Os cães contaminam-se pela ingestão do vírus.
 
 
Quais são os sintomas da forma intestinal?
 
Os sintomas demoram 3 a 10 dias a desenvolver-se desde o início da infeção:
  • Vómitos (normalmente o primeiro sintoma)
  • Diarreia muito severa (geralmente com sangue)
  • Anorexia (falta de apetite)
  • Letargia
  • Febre (por vezes podem ter hipotermia- baixa temperatura corporal)
  • Desidratação severa
 



Como se diagnostica?
 
O diagnóstico é feito através dos sintomas e análises laboratoriais.
Na própria clínica veterinária, é possível efetuar um teste rápido (kit Elisa), que permite a deteção da presença de partículas do vírus nas fezes.

 
 

Os animais com parvovirose também apresentam leucopénia (contagem de glóbulos brancos baixa).
O seu médico veterinário poderá considerar efetuar outras análises, ecografia abdominal ou rx abdominal para descartar outras causas de gastroenterite hemorrágica.
 
 
Qual o tratamento possível?
 
O tratamento é um tratamento de suporte e sintomático, requerendo frequentemente o internamento do animal.
  • Fluidoterapia endovenosa (soro para corrigir a desidratação e desiquilíbrios eletrolíticos provocados pelos vómitos e diarreia)
  • Antibióticos (para prevenir as infeções devido à entrada em circulação de bactérias através do intestino)
  • Medicação para controlo de náusea e vómito
 



Como eliminar o vírus do meio ambiente?
 
O único agente eficaz contra o vírus da parvovirose é a lixívia.
Poderá desinfetar o espaço interior, sapatos e objetos do seu animal com uma solução de lixívia de 1 parte de lixívia para 30 partes de água, deixando atuar 10 minutos.
Objetos que não podem ser desinfetados devem ser inutilizados.
Espaços exteriores são mais difíceis de desinfetar, principalmente se temos superfícies com terra ou relva. Poderá lavar com água mais frequentemente para ir eliminando o vírus por arrastamento.
 
 
Como prevenir esta doença?
 
Vacinar! Vacinar! Vacinar!
 
Como referi inicialmente, enquanto o seu animal não estiver vacinado, não deverá frequentar os espaços públicos ou ter contato com cães que não sabe se estão ou não vacinados.
A vacinação contra parvovirose pode ser iniciada às 6 semanas de idade, sendo necessários reforços com intervalo de 3 a 4 semanas até às doses semanas de idade. Em animais de raças mais sensíveis, poderá ser feito novo reforço às 16 semanas (vacinação completa com pelo menos 3 doses).
 
Saiba mais sobre quais as vacinas necessárias ao seu cão aqui.
 
 
 
A vacinação contra parvovirose canina não é uma opção, é uma obrigação.