terça-feira, janeiro 28, 2014

Tumores mamários em cadelas e gatas


Os tumores mamários em cadelas ou gatas continuam a ser dos tumores mais frequentes que surgem na prática clínica diária.



São mais comuns em animais que não foram esterilizados, ou que foram esterilizados tardiamente.

A esterilização precoce, até aos 2 anos de idade, tem um efeito protetor, reduzindo a probabilidade de surgirem tumores mamários mais tarde, sendo que, quanto mais cedo a esterilização for feita, menor a probabilidade de ocorrerem tumores (animais esterilizados antes do primeiro cio têm uma probabilidade quase nula de desenvolverem a patologia).

O uso de anovulatórios ( a pílula ou a injeção para não ter o cio), também aumenta a probabilidade das gatas ou cadelas virem a ter estes tumores.

No caso das cadelas, 50% dos tumores são malignos e 50% são benignos. No caso das gatas, 85% dos tumores são malignos e muitas vezes extremamente agressivos.

Sintomas

  • Massa/nódulo palpável debaixo da pele do abdómen ou tórax (na zona circundante às mamas)
  • Descarga da glândula mamária
  • Ulceração da pele da glândula mamária
  • Dor
  • Falta de apetite
  • Prostração
  • Dificuldade respiratória


Frequentemente, o único sinal é a presença do nódulo sem qualquer outra alteração no animal.
Os sintomas relacionados com alteração de estado geral, estão associados a malignidade e metastização dos tumores.

Diagnóstico

Além do exame físico, podem ser realizadas citologias e biópsias para identificação do tumor. Rx torácico e ecografia abdominal são realizadas para avaliação de possíveis metátases (frequentes no pulmão e no fígado).

Tratamento

O tratamento de tumores mamários passará quase sempre pela resolução cirúrgica (no caso das cadelas existe um tipo específico de tumor muito agressivo para o qual a cirurgia não trará benefícios - o carcinoma mamário inflamatório).
Quanto mais pequeno for o nódulo, melhor será o prognóstico, portanto, a rapidez da decisão é importante.
O tipo de cirurgia realizada dependerá de vários fatores como o tipo de tumor, a sua localização, a sua dimensão. O seu médico veterinário avaliará a situação, e a cirurgia poderá consistir apenas na remoção do nódulo, ou ter uma abordagem mais agressiva, sendo feita a remoção de toda uma cadeia mamária (todas as mamas do mesmo lado).

Já existem protocolos de quimioterapia disponíveis mas a sua eficácia não é ainda totalmente clara.

Prognóstico

O prognóstico depende muito do tipo de tumor e do seu estado de evolução, no entanto, muitos animais, com intervenções precoces (tumores à altura da cirurgia com dimensão inferior a 3 cm), podem viver muitos anos.


Pontos chave

  • A esterilização precoce de gatas e cadelas previne tumores mamários
  • O uso de pílulas e injeções anticoncepcionais aumentam a probabilidade de existirem tumores
  • Quanto mais cedo for realizada a cirurgia, maior será a probabilidade de sobrevivência por mais tempo do animal.







quinta-feira, janeiro 23, 2014

Colapso da traqueia em cães


Se o seu cão é daqueles que se engasga quando se excita ou bebe água, é possível que estejamos perante um caso de colapso da traqueia.

A traqueia é um orgão em forma de tubo, que transporta o ar até aos pulmões. É formada por um série de anéis cartilagíneos (semelhantes a um tubo de aspirador).

Em alguns animais, esses anéis vão perdendo a capacidade de manter a sua forma, e começam a achatar-se, tornando o interior da traqueia mais estreito, dificultando assim a passagem do ar, e gerando engasgos e tosse seca.


A seta aponta o local em que a traqueia está estenosada.
A preto vê-se o ar dentro da traqueia antes e depois da estenose.

É mais comum em cães de raças pequenas como os Caniches, Spitz, Shi-tzu, Pug, Yorkshire terrier e Bichon maltês, e tem tendência a agravar-se com a idade e a obesidade.

O principal sintoma desta doença é a tosse seca, muitas vezes descrita como "grasnar de ganso". É normalmente despoletada por situações de maior excitação do animal, quando bebe água ou a comer, quando se puxa a coleira comprimindo a traqueia, ou quando o animal fica exposto a irritantes como fumo do tabaco.

Patologias cardíacas ou brônquicas também podem ser a causa do agravamento de sintomas.

O animal poderá apresentar também dificuldade em respirarintolerância ao exercício ou uma cor azulada das mucosas (cor da gengiva e da língua por exemplo). 

O diagnóstico desta doença é feito através da história e sinais clínicos dos animais, exame radiológico e eventualmente broncoscopia.

Embora muitos animais vivam a sua vida sem crises muito complicadas, sendo sempre aconselhável que a sua vida não inclua muita excitação ou exercício intenso, alguns necessitam de tratamento médico.

O tratamento desta patologia é feito recorrendo a antitussicos, broncodilatadores, anti-inflamatórios e por vezes sedativos. Em algumas situações poderá ser necessário oxigenoterapia.



Animais obesos devem emagrecer, e as coleiras cervicais devem ser substituídas por peitorais.

Em animais que não respondem ao tratamento médico poderá ser equacionada a resolução cirúrgica.

segunda-feira, janeiro 13, 2014

Dean Russo - Retratos cheios de cor

Desde sempre que os animais surgem nas obras dos mais variados artistas e das mais variadas correntes, mostrando claramente que desde sempre as relações entre animais e pessoas geram os mais variados sentimentos e emoções, que alguns resolvem imortalizar para outros poderem apreciar e interiorizar.

Hoje deixo-vos com alguns dos trabalhos de um artista contemporâneo americano, Dean Russo, e nos quais ele retrata a sua relação com os animais através de representações cheias de cores brilhantes e extremamente expressivas.








Podem descobrir o trabalho deste artista aqui.

terça-feira, janeiro 07, 2014

Cachorro novo em casa! E o que faço com ele?!


Ano Novo, Vida Nova, e para alguns de nós, novo animal de estimação, seja ele um presente de Natal, ou um resolução para o novo ano que se inicia.

Para quem nunca teve nenhum animal ao seu cuidado, os primeiros dias são em alguns casos, de ansiedade, muitas dúvidas, e por vezes, alguns "pequeninos erros" à mistura. A primeira consulta com o médico veterinário, é muitas vezes acompanhada por uma longa lista de perguntas.

Hoje, vou dar-lhe algumas dicas acerca do que deve fazer com o seu novo cachorro. Oportunamente falarei sobre os gatinhos.


O cachorro não deve ser colocado no chão em espaços públicos até ter sido vacinado.

O meio ambiente pode estar contaminado com microorganismos (vírus, parasitas), e o seu cachorro, até realizar as vacinas encontra-se vulnerável.

O animal não deverá ter contacto com outros cães acerca dos quais desconheça o estado vacinal

O seu cão poderá e deverá contactar com outros animais, no entanto, certifique-se que estes se encontram correctamente vacinados.

Mantenha o mesmo alimento que o animal comia antes de se encontrar em sua casa.

As alterações alimentares devem realizar-se de forma gradual. Se tiver de alterar a alimentação, procure misturar o novo alimento com o antigo, alterando gradualmente as proporções. O seu médico veterinário poderá ajudá-lo a escolher o tipo de alimentação mais adequada ao seu cachorro, de qualquer  forma, opte sempre por marcas de boa qualidade.

Se pretender oferecer comida caseira, lembre-se que os "restos" não são adequados, e é mais difícil conseguir o melhor equilíbrio nutricional.

Não ofereça ao seu cão:

  • Comida condimentada
  • Carne de porco
  • Ossos
  • Cebola e alho
  • Chocolate
  • Uvas
  • Abacate

Tenha uma cama para cachorro confortável e acolhedora disponível e coloque-a em local tranquilo para o animal poder descansar.

Providencie alguns brinquedos para o seu cachorro.

Evite dar banho ao seu cachorro

Se tiver necessidade, use um champô adequado à idade do animal, dê banho com água morna e em local resguardado de correntes de ar. Evite que a água entre dentro dos ouvidos.
Seque muito bem o animal com uma toalha e coloque-o em local abrigado.
O uso do secador pode requerer algum treino porque alguns animais poderão assustar-se com o ruído.


O seu cachorro irá aprender a fazer as necessidades apenas num local, mas é necessário alguma paciência.

Coloque um resguardo ou jornal no local que pretende que seja usado pelo animal.
Os cachorros têm necessidade de "ir ao jornal" em alturas específicas como após acordar, após uma refeição, ou após um período de brincadeira intensa. Aproveite estes momentos para o colocar no local pretendido, e se o animal tiver o comportamento adequado, não se esqueça de reforçar positivamente este comportamento (com um biscoito de recompensa e festas).
Se o animal urinar ou defecar fora do sítio, deverá travar esse comportamento no momento e colocá-lo no local correcto. Técnicas como "esfregar o focinho na urina" não trazem qualquer resultado positivo. Se chegar a casa e encontrar tudo sujo, também não vale a pena gastar a sua energia a repreender o cachorro, porque ele já não fará a associação ao comportamento indesejado.
Enquanto o cachorro não tiver o comportamento correcto apreendido, mantenha-o em local restrito e perto do jornal ou resguardo. Estando mais próximo, irá lembrar-se melhor daquilo que tem de fazer.

Leve o seu cachorro a uma consulta com o médico veterinário assim que for possível

Se o seu cachorro não manifestar quaisquer sinais de mau estar ou doença, aguarde dois ou três dias antes de o levar à consulta, desta forma, conhecerá melhor o seu animal. Um animal saudável deve interagir com o seu ambiente, deve alimentar-se correctamente, não deverá ter corrimentos nasais ou oculares, as fezes deverão ser moldadas, não deve apresentar lesões na pele. Se verificar alterações em algum destes parâmetros, leve-o imediatamente ao médico veterinário.

O seu médico veterinário irá esclarecer todas as suas dúvidas.

E agora, basta retribuir o amor incondicional que o seu cachorro lhe dará!