sábado, agosto 17, 2013

Como limpar os ouvidos do seu animal de estimação?


A observação e higiene regular das orelhas e condutos auditivos do seu cão ou gato é muito importante porque permite detetar os problemas associados mais precocemente e prevenir situações mais graves.

É frequente os animais chegarem à consulta já com otites graves, orelhas traumatizadas ou até otohematomas, resultantes de processos prolongados, e cujos donos só se aperceberam quando o animal começou a abanar insistentemente a cabeça, a coçar as orelhas, quando o cheiro se tornou nauseabundo ou a secreção purulenta começou a decorar as paredes da casa.
Uma das histórias mais comuns é "estou a dar banho ao meu cão todas as semanas e mesmo assim ele continua a cheirar muito mal", ficando muitas vezes os proprietários muito admirados quando percebem que o odor vem de uma otite instalada há semanas.



Os ouvidos são ambientes "quentes e húmidos" e cheios de curvas e reentrâncias, como tal, favorecem o desenvolvimento de alguns agentes como bactérias, parasitas e leveduras que causam inflamações e infeções. Alguns animais poderão ser mais sensíveis a estes problemas, como animais de orelhas caídas ou com muito pelo (como os Cocker Spaniel, os Basset Hound ou os Caniches), ou animais com problemas de alergias.


Com que frequência devo limpar os ouvidos do meu animal?

A frequência necessária dependerá do próprio animal.
Aconselho que observe os ouvidos do seu animal semanalmente. Se não apresentar detritos, não precisa limpar. Animais que produzam mais cerúmen podem beneficiar de uma limpeza semanal. Animais em tratamento para otites podem necessitar de limpeza mais frequente ( a determinar pelo médico veterinário). 
Atenção: a limpeza excessiva pode causar maior irritação dos ouvidos!


O meu animal não pára quieto e eu não consigo limpar ou ouvidos. O que fazer?

Esta é uma questão muito frequente. Os ouvidos são muito sensíveis e os cães e ou gatos não são muito fãs da sua manipulação, principalmente se a associarmos a um processo doloroso.
Tal como acontece com o corte de unhas, os animais devem ser habituados desde jovens à manipulação e limpeza dos ouvidos, associando esta manipulação a experiências agradáveis (pode oferecer uma recompensa como um biscoito).
Muitas vezes serão necessárias duas pessoas para levar a cabo e extenuante tarefa: uma segura, a outra limpa.
No caso dos cães será necessário manter a cabeça segura e quieta, no caso dos gatos poderá enrolar o animal totalmente numa toalha deixando apenas a cabeça livre. O ambiente deverá ser tranquilo e pode aproveitar as alturas em que os animais estejam mais dóceis ou cansados.
Teorias bonitas... Este será o comentário de alguns dos leitores. Grande verdade, para alguns animais poderá não ser possível executar esta tarefa.
Nestes casos continua a ser importante observar regularmente os ouvidos do seu animal para o poder levar ao veterinário assim que detetar algum problema.


Quais produtos que posso usar para limpar os ouvidos do meu animal?

Começarei pelos produtos que não pode usar: água, soro fisiológico, água oxigenada. Estes produtos deixarão o ouvido húmido e vão propiciar o desenvolvimento de infeções. Por esta razão é sempre recomendado um cuidado adicional quando se dá banho aos animais, evitando sempre que entre água dentro dos ouvidos. Poderá usá-los apenas para limpar a zona mais externa do ouvido secando depois muito bem (por vezes acumulam-se detritos que não conseguimos remover doutra forma).

Existem no mercado soluções próprias para a limpeza de ouvidos. Estas soluções permitem dissolver os detritos que se acumulam nos ouvidos. Pode encontrá-las em frasco ou em monodose. Qualquer centro veterinário as terá disponíveis. Existem também toalhitas para limpeza de ouvidos, não permitem no entanto uma limpeza mais profunda do conduto auditivo.


Qual o procedimento para uma correta limpeza?

1-Inspecione o ouvido do seu animal

2-Se a pele estiver lisa, rosada, sem descamação e sem detritos visíveis: não precisa fazer nada.


3-Se observar uma pequena quantidade de cera ou detritos de cor clara, sem cheiro, e a pele apresenta um aspeto saudável: coloque um pouco da solução de limpeza num algodão (ou use uma toalhita) e com ajuda do seu dedo remova todos os detritos. Não avance muito no canal auditivo e não use cotonetes porque pode empurrar as secreções mais para o interior e magoar o animal. Os cotonetes poderão ser utilizados apenas para a limpeza das pequenas curvas exteriores (principalmente nos gatos).

Colocar solução de limpeza auricular no algodão

Remover a secreção visível

Uso do cotonete para limpeza das pregas do ouvido do gato


4-Se verificar que existe muita secreção terá de efetuar uma limpeza mais completa: deve colocar umas gotas diretamente no canal auditivo, de seguida deve massajar a base da orelha (vai ouvir um som de chocalhar, sinal que o produto entrou e está a distribuir-se), o animal irá abanar a cabeça (deixe fazer) e o produto irá sair juntamente com as secreções em excesso. Remova depois com um algodão no dedo o líquido que ficou à entrada do canal auditivo.

Introduzir solução de limpeza auricular no canal auditivo
Massagem da base da orelha

Se verificar que
  • a secreção é exuberante 
  • a secreção tem cor preta, amarela ou esverdeada, 
  • a secreção tem um cheiro nauseabundo
  • a pele do pavilhão auricular está vermelha, a descamar, muito espessa
  • o animal abana a cabeça
  • o animal coça continuamente um ou os dois ouvidos
está na altura de o animal ser observado por um médico veterinário de forma a ser iniciado o tratamento adequado.

Monitorize regularmente os ouvidos do seu cão e do seu gato!

terça-feira, agosto 13, 2013

O meu cão enjoa quando viaja de carro. O que fazer?

O leitor e o seu cão deslocam-se de carro em direcção às suas merecidas férias, ou apenas para um passeio num jardim mais longínquo, ou até para a clínica veterinária para a consulta de rotina e vacinação. De repente, apercebe-se que o seu cão está inquieto, agitado,vocaliza de forma aflitiva, a baba já quase enche uma taça e o seu cão acaba por vomitar toda a refeição que lhe deu antes da viagem. Para completar o quadro só falta uma coloração esverdeada na pele que caracteriza os humanos que sofrem do mesmo mal.

É verdade, o seu cão enjoa quando se desloca de carro.

Em época de férias em que as viagens são mais longas, é frequente os donos dos cães deslocarem-se às clínicas e pedirem medicação que controle esta situação, e normalmente lá seguem viagem sem grandes problemas e com o cão a dormir durante todo o percurso e ainda mais umas horas depois da chegada ao destino, isto porque a maior parte das soluções com medicamentos têm como efeito a sedação do animal.






Mas afinal, qual a razão disto acontecer? E como podemos resolver o problema?

Normalmente são os cachorros e cães mais jovens que têm maior tendência a enjoar. Isto ocorre porque as estruturas que controlam o equilíbrio não estão ainda completamente desenvolvidas.
A maior parte dos animais acaba por resolver este problema à medida que cresce.

Existem no entanto alguns animais que nunca ultrapassam a situação. A razão prende-se com questões comportamentais. São cães que associam a viagem de carro a algo negativo e desconfortável como o simples facto de ficarem maldispostos e vomitarem, ou até uma visita ao veterinário. Alguns destes animais começam a exibir sinais de ansiedade apenas com a aproximação ao automóvel ainda antes de se ligar o motor.

Para ajudar o seu animal e aumentar a sua tolerância às deslocações de carro, terá de transformar o carro e a viagem em algo agradável, de forma a que este os associe a algo positivo, para isso terá de ter algum tempo e paciência.

Poderá começar o processo por fases, inicialmente fazer a aproximação ao carro sem entrar, depois colocar o animal no carro sem ligar o motor e ir aumentando o tempo que permanece no seu interior, a seguir começar por percorrer pequenos percursos, ir aumentando as distâncias e levando o animal a locais que sejam agradáveis para ele.
O animal deve ser recompensado com uma guloseima ou brinquedo quando não manifestar sinais de ansiedade e só deve passar à fase seguinte quando o seu cão já não ficar incomodado com a fase anterior.




O que podemos fazer para minimizar o problema quando temos de viajar e o animal ainda enjoa?

  • Fazer uma refeição mais pequena que o habitual antes da viagem
  • Fazer paragens frequentes e pequenos passeios durante a viagem
  • Manter o interior do veículo fresco e bem ventilado
  • Transportar o animal numa caixa transportadora

Se continuar com problemas, procure um médico veterinário porque poderá ser necessário fazer medicação.


A medicação necessita de ser administrada algum tempo antes da deslocação (normalmente 1 a 2 horas antes). Os medicamentos mais usados são:
  • Dimenidrinato (o mesmo medicamento anti-náusea que as pessoas usam, tem a sedação como efeito secundário)
  • Sedativos
  • Maropitant (nome comercial - Cerenia), medicamento de uso veterinário que controla a náusea e tem como vantagem não ter qualquer efeito sedativo.

Importante: não administre qualquer medicamento ao seu cão sem consultar um médico veterinário.


Boas viagens!

sábado, agosto 10, 2013

O meu gato vomitou uma bola de pêlo!

Qualquer dono de gato será confrontado mais tarde ou mais cedo com o som do seu animal no desespero de uma regurgitação ou vómito que culmina na expulsão de uma rolo cheio de pêlo.


Todos sabemos que os felinos são muito minuciosos e perfeccionistas no que toca às questões da higiene e utilizam a sua lingua áspera para limpar o pêlo diariamente, desta forma, o pêlo solto é ingerido.






O que se calhar os donos dos gatos não sabem, é que estas bolas de pêlo (nome técnico é tricobezoar), podem não ser totalmente inofensivas.



O pêlo ingerido pelos gatos pode seguir o seu caminho pelo tracto gastro-intestinal e sair juntamente com as fezes. Algum pêlo pode ficar acumulado no estômago e formar o tricobezoar. A expulsão pelo vómito não provoca problemas, no entanto, estes tricobezoares podem atingir dimensões maiores e que não permitam que o animal se livre deles. Estes tricobezoares podem causar irritação local e provocar uma gastrite (inflamação do estômago), ou podem passar para o intestino e causar uma obstrução intestinal, situação esta mais grave, que em situações extremas poderá levar à cirurgia para remoção do tricobezoar que está a impedir a normal passagem das fezes.


Tricobezoar


Os gatos com maior risco de formar tricobezoares são:


  • Gatos de pêlo longo (como os persas)
  • Gatos em épocas de maior queda de pêlo (como muda fisiológica)
  • Gatos com dermatite psicogénica (gatos que arrancam o próprio pêlo por questões psicológicas)
  • Gatos infestados por ectoparasitas (pulgas)
  • Gatos que costumam fazer a higiene de outros gatos da casa

O leitor poderá diminuir a formação de bolas de pêlo e prevenir os problemas associados através de:

  • Escovagem regular de todos os gatos da casa
  • Administração regular de laxantes suaves, que promovem a lubrificação intestinal e facilitam o trânsito do pêlo através do intestino. As pastas de malte são uma boa solução.
  • Alimentação que facilite o trânsito gastro-intestinal (normalmente com maior teor de fibra insolúvel)
  • Controlo de pulgas

Atenção, por vezes os donos dos gatos fornecem ao seu animal ervas e relva colhidas na rua. Além dos riscos inerentes às intoxicações caso estas ervas tenham sido tratadas com herbicidas (já vi acontecer), as próprias ervas podem aglomerar-se e formar um rolo de ervas (fitobezoar), com problemas idênticos aos da formação de tricobezoares.


O vómito frequente num gato não "é normal". Se o seu felino tenta vomitar repetidas vezes sem expulsar nada, vomita com muita frequência e subitamente fica muito prostrado, poderá indicar que está com problemas relacionados com bolas de pêlo e deve ser consultado por um médico veterinário.

terça-feira, agosto 06, 2013

Cães perigosos e cães potencialmente perigosos

Entrou em vigor no dia 3 de Agosto, a nova lei que estabelece as regras para a criação, reprodução e detenção de animais perigosos e potencialmente perigosos.

Continua a existir muita polémica em redor deste assunto, continuam a existir muitos dúvidas e  ideias pré-concebidas, por vezes ideias erradas, sobre o que é um animal perigoso ou potencialmente perigoso, e sobre quais os requisitos necessários para se poder ter um destes animais.

Um animal potencialmente perigoso pode não ser um animal perigoso, mas continua a ser potencialmente perigoso devido ao seu potencial em provocar danos graves.



Um animal perigoso pode ser qualquer um, mesmo um caniche, um pinsher ou um yorkshire terrier.




Baralhado?

Vamos às definições:

Animal perigoso - animal que tenha mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa; que tenha ferido gravemente ou morto um outro animal; que tenha sido declarado, voluntariamente, pelo seu detentor, à junta de freguesia da sua área de residência, que tem um caráter e comportamento agressivos; que tenha sido considerado pela autoridade competente como um risco para a segurança de pessoas ou animais, devido ao seu comportamento agressivo ou especificidade.

Animal potencialmente perigoso - animal que devido às características de espécie, comportamento agressivo, tamanho ou potência de mandíbula, possam causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais.

Devido ao seu tamanho, força de mandíbula e especificidades das raças, foi determinado que algumas raças cães e seus cruzamentos seriam considerados como animais potencialmente perigosos:

  • Cão de fila brasileiro.
  • Dogue argentino.
  • Pit bull terrier.
  • Rottweiller.
  • Staffordshire terrier americano.
  • Staffordshire bull terrier.
  • Tosa inu





Concluindo, qualquer animal das raças acima identificadas e seus cruzamentos, está sujeito às regras da nova lei, no entanto, qualquer outro animal de qualquer outra raça, mesmo os de raça pequena, será considerado animal perigoso a partir do momento que exista historial de agressão.

Quais as condições e requisitos necessários para deter um animal nesta situação?

Será necessário ter uma licença emitida pela Junta de Freguesia da área de residência.

Para obter essa licença terá de apresentar:

  • Termo de responsabilidade para detenção de animais perigosos e potencialmente perigosos 
  • Registo criminal
  • Certificado de seguro de  responsabilidade civil
  • Certificado de esterilização quando aplicável
  • Boletim sanitário com vacinação anti-rábica válida
  • Comprovativo de aprovação em formação para detenção de cão perigoso ou potencialmente perigoso
Além disso, o animal deve estar identificado com meio de identificação eletrónica (microchip).

Os detentores destes animais têm ainda um dever especial de vigilância de forma a impedir que o animal coloque em risco a vida de pessoas e animais.
Em locais públicos ou áreas comuns de utilização, estes cães não podem circular sem estarem acompanhados, devem ter açaime funcional e trela até 1 metro de comprimento.
Nos alojamentos, o detentor é obrigado a adoptar medidas que impeçam a fuga do animal e que acautelem a segurança de pessoas e animais.

Estes animais ficam ainda obrigados a treino de socialização e obediência entre os 6 e os 12 meses de idade.


Poderá consultar todas as informações em: 




domingo, agosto 04, 2013

Como cortar as unhas do seu cão e do seu gato?


A maioria dos animais não necessita de cortar as unhas pois desgasta-as naturalmente, mas por vezes é mesmo necessário recorrer à "paticure" porque o crescimento excessivo das unhas provoca alterações do apoio e da locomoção do animal, além de poder provocar outros problemas tal como o encravamento das unhas (principalmente o esporão nos cães - aquelas unhas que os cães têm de lado na face interna das patas; ou nos gatos geriátricos, principalmente gatos persas). As unhas muito compridas podem ainda partir, sendo esta uma situação muito dolorosa para o animal.




Muitos cães e gatos não reagem bem ao corte das unhas, é importante habituar o animal desde cachorro ou gatinho ao manuseamento das patas e das unhas.

As unhas devem ser cortadas com um corta unhas adequado. Existem vários modelos, o leitor decidirá consoante as suas preferências, qual deve usar.





No seu interior, a unha tem uma estrutura vascularizada e enervada, o sabugo, que se for cortada irá sangrar e magoar o animal, as unhas deverão ser sempre cortadas de forma a não atingir o sabugo.

A unha deve ser cortada um pouco à frente do local onde se consegue ver o sabugo, normalmente no local onde se acentua a curvatura da unha em direcção ao chão.


Corte de unhas do cão
Corte de unhas do gato

Quando as unhas são pretas ou escuras (no caso dos cães) , o risco de atingir o sabugo é superior pois não o conseguimos visualizar. Nestes casos, será preferível cortar mais vezes, mas menor quantidade de cada vez.




As unhas do seu cão devem acompanhar a almofada plantar mas não devem tocar no chão.




Como parar a hemorragia no caso de cortar demasiado a unha?
Esta situação pode ocorrer aos mais e aos menos experientes, portanto, o mais importante é não entrar em pânico.

Perante a hemorragia deverá:

  • Aplicar compressão local durante 2 minutos com compressa ou algodão com um pouco de água oxigenada.
  • Como alternativa, pode aplicar amido de milho  e comprimir.
  • Se continuar com dificuldade em controlar hemorragia pode fazer um penso aplicando uma compressa e envolvendo toda a pata com ligadura.
  • Deve evitar que o animal apoie o membro até ter a certeza que a hemorragia está controlada.
  • Se a situação não estiver controlada em 20 minutos deverá dirigir-se ao seu médico veterinário.

As unhas do seu cão deverão ser cortadas regularmente se este não as desgastar de forma natural para evitar o aumento do comprimento do sabugo.
No caso do seu gato, se o animal fica frequentemente preso nos tecidos lá de casa ou se as unhas lascarem, devem ser cortadas mensalmente.

Procure a ajuda de um profissional se sentir dificuldade em fazer a "paticure" do seu amigo.



Insuficiência renal crónica em gatos


A insuficiência renal crónica é uma patologia bastante frequente nestes nossos amigos de patas e bigodes.

É uma doença progressiva e irreversível, que poderá começar a desenvolver-se em qualquer altura da vida do seu gato, mas muitas vezes só é diagnosticada quando os animais já manifestam sintomas de falência renal, normalmente já em idade geriátrica.

O rim é um orgão par e a sua principal função é a de ser o filtro do organismo. Os rins são responsáveis pela eliminação de produtos tóxicos e resíduos. Têm também como outras funções  a regulação de electrólitos, a retenção de água, o controlo da pressão arterial e a libertação de eritropoietina, uma hormona que estimula a produção de glóbulos vermelhos.

As causas de uma insuficiência renal crónica podem ser diversas, desde exposição a toxinas ou alguns medicamentos, infecções (como pielonefrites),   obstruções urinárias, situações traumáticas, tumores (como linfomas) ou doenças genéticas como é o caso da doença renal poliquística (gatos persas  têm maior risco). Frequentemente não é possível determinar com exactidão o que provocou a doença.

Um gato com insuficiência renal pode não apresentar sintomas ou apresentar sintomas muito ligeiros.
Se verificar que o seu gato de meia idade ou idade avançada está com menos apetite, apresenta alguma perda de peso, bebe mais água (polidipsia) e urina um pouco mais (poliúria), é possível que esteja em curso uma insuficiência renal, e deverá levá-lo ao seu médico veterinário para ser feito um check-up renal e iniciar um tratamento que permita fazer a manutenção da função ainda existente.







Mais frequentemente, os gatos surgem na consulta já com sintomas de falência renal, uma fase mais avançada da doença. Nesta fase, os gatos surgem muito desidratados, com vómitos, polidipsia, poliúria, sem apetite,  muito prostrados, com perda de peso acentuada e anemia.

Sendo uma doença de gatos idosos, progressiva e que pode ser assintomática inicialmente, qualquer gato com mais de 7 anos deverá fazer exames de controlo para avaliar o estado da sua função renal.

O diagnóstico de insuficiência renal é feito através de análises sanguíneas de rotina. O seu médico veterinário irá verificar os níveis de produtos que são normalmente eliminados pelo rim, a ureia (BUN), a creatinina e o fósforo. Se os níveis estiverem elevados significa que o rim já não elimina estes produtos como deveria. Poderá ser avaliado também o valor do potássio, que no caso de insuficiência renal crónica estará diminuido. 
Um hemograma permitirá avaliar se o animal apresenta anemia.
Uma análise de urina permitirá verificar a capacidade do rim concentrar a urina (gravidade específica) e pesquisar infecções bacterianas.
Havendo alterações nos valores das análises ou se for detectada alguma alteração ao exame físico ( se durante a palpação abdominal se detectar uma massa ou um aumento ou diminuição do tamanho dos rins), poderá ser necessário efectuar uma ecografia abdominal.





O tratamento do gato em falência renal ou insuficiência renal grave passa inicialmente pela rehidratação e diurese. Normalmente é colocado um catéter endovenoso e o animal fará fluidoterapia intensa (administração de soro) durante alguns dias (3 a 7), período durante o qual irão sendo feitas análises de controlo para avaliar a progressão dos valores alterados.
Durante este período é também importante que o animal comece a alimentar-se, sendo necessário para isso estimular o apetite controlando o vómito e a náusea com os medicamentos adequados.
O animal anémico poderá necessitar de tratamento com eritropoietina ou até de uma transfusão sanguínea.
O tratamento de falência renal é normalmente feito em regime de internamento, no entanto, é sempre desejável que o gato volte rapidamente ao seu ambiente caseiro porque os gatos não toleram bem as hospitalizações.





O gato que se encontra a comer passa normalmente a fazer o tratamento ambulatório.

Como já foi referido, a insuficiência renal crónica é uma doença irreversível, portanto, embora os valores de análises e o estado do animal apresentem evolução positiva, o tratamento terá de  ser mantido e consistirá em:


  • Alimentação do animal com uma dieta renal (dieta de restrição proteica);

  • Se necessário, administração de fluidos subcutâneos com uma frequência que pode ser desde diária a duas  vezes por semana. Esta administração poderá ser feita pelo médico veterinário ou pelo próprio proprietário do animal caso seja possível;


  • Administração oral de medicamentos quelantes de fósforo (ajudam a controlar os níveis sanguíneos do fósforo)(Ipakitine, Renalzin);


  • Administração oral de benazepril, medicamento que ajuda a controlar a hipertensão renal;
  • Administração oral de anti-ácidos para controlar a hiperacidez gástrica (o que provoca náusea e diminuição de apetite).

O prognóstico depende do grau de evolução da doença, no entanto, é possível que um gato com insuficiência renal crónica possa viver com qualidade de vida até cerca de 3 anos.