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terça-feira, janeiro 28, 2014

Tumores mamários em cadelas e gatas


Os tumores mamários em cadelas ou gatas continuam a ser dos tumores mais frequentes que surgem na prática clínica diária.



São mais comuns em animais que não foram esterilizados, ou que foram esterilizados tardiamente.

A esterilização precoce, até aos 2 anos de idade, tem um efeito protetor, reduzindo a probabilidade de surgirem tumores mamários mais tarde, sendo que, quanto mais cedo a esterilização for feita, menor a probabilidade de ocorrerem tumores (animais esterilizados antes do primeiro cio têm uma probabilidade quase nula de desenvolverem a patologia).

O uso de anovulatórios ( a pílula ou a injeção para não ter o cio), também aumenta a probabilidade das gatas ou cadelas virem a ter estes tumores.

No caso das cadelas, 50% dos tumores são malignos e 50% são benignos. No caso das gatas, 85% dos tumores são malignos e muitas vezes extremamente agressivos.

Sintomas

  • Massa/nódulo palpável debaixo da pele do abdómen ou tórax (na zona circundante às mamas)
  • Descarga da glândula mamária
  • Ulceração da pele da glândula mamária
  • Dor
  • Falta de apetite
  • Prostração
  • Dificuldade respiratória


Frequentemente, o único sinal é a presença do nódulo sem qualquer outra alteração no animal.
Os sintomas relacionados com alteração de estado geral, estão associados a malignidade e metastização dos tumores.

Diagnóstico

Além do exame físico, podem ser realizadas citologias e biópsias para identificação do tumor. Rx torácico e ecografia abdominal são realizadas para avaliação de possíveis metátases (frequentes no pulmão e no fígado).

Tratamento

O tratamento de tumores mamários passará quase sempre pela resolução cirúrgica (no caso das cadelas existe um tipo específico de tumor muito agressivo para o qual a cirurgia não trará benefícios - o carcinoma mamário inflamatório).
Quanto mais pequeno for o nódulo, melhor será o prognóstico, portanto, a rapidez da decisão é importante.
O tipo de cirurgia realizada dependerá de vários fatores como o tipo de tumor, a sua localização, a sua dimensão. O seu médico veterinário avaliará a situação, e a cirurgia poderá consistir apenas na remoção do nódulo, ou ter uma abordagem mais agressiva, sendo feita a remoção de toda uma cadeia mamária (todas as mamas do mesmo lado).

Já existem protocolos de quimioterapia disponíveis mas a sua eficácia não é ainda totalmente clara.

Prognóstico

O prognóstico depende muito do tipo de tumor e do seu estado de evolução, no entanto, muitos animais, com intervenções precoces (tumores à altura da cirurgia com dimensão inferior a 3 cm), podem viver muitos anos.


Pontos chave

  • A esterilização precoce de gatas e cadelas previne tumores mamários
  • O uso de pílulas e injeções anticoncepcionais aumentam a probabilidade de existirem tumores
  • Quanto mais cedo for realizada a cirurgia, maior será a probabilidade de sobrevivência por mais tempo do animal.







quinta-feira, janeiro 23, 2014

Colapso da traqueia em cães


Se o seu cão é daqueles que se engasga quando se excita ou bebe água, é possível que estejamos perante um caso de colapso da traqueia.

A traqueia é um orgão em forma de tubo, que transporta o ar até aos pulmões. É formada por um série de anéis cartilagíneos (semelhantes a um tubo de aspirador).

Em alguns animais, esses anéis vão perdendo a capacidade de manter a sua forma, e começam a achatar-se, tornando o interior da traqueia mais estreito, dificultando assim a passagem do ar, e gerando engasgos e tosse seca.


A seta aponta o local em que a traqueia está estenosada.
A preto vê-se o ar dentro da traqueia antes e depois da estenose.

É mais comum em cães de raças pequenas como os Caniches, Spitz, Shi-tzu, Pug, Yorkshire terrier e Bichon maltês, e tem tendência a agravar-se com a idade e a obesidade.

O principal sintoma desta doença é a tosse seca, muitas vezes descrita como "grasnar de ganso". É normalmente despoletada por situações de maior excitação do animal, quando bebe água ou a comer, quando se puxa a coleira comprimindo a traqueia, ou quando o animal fica exposto a irritantes como fumo do tabaco.

Patologias cardíacas ou brônquicas também podem ser a causa do agravamento de sintomas.

O animal poderá apresentar também dificuldade em respirarintolerância ao exercício ou uma cor azulada das mucosas (cor da gengiva e da língua por exemplo). 

O diagnóstico desta doença é feito através da história e sinais clínicos dos animais, exame radiológico e eventualmente broncoscopia.

Embora muitos animais vivam a sua vida sem crises muito complicadas, sendo sempre aconselhável que a sua vida não inclua muita excitação ou exercício intenso, alguns necessitam de tratamento médico.

O tratamento desta patologia é feito recorrendo a antitussicos, broncodilatadores, anti-inflamatórios e por vezes sedativos. Em algumas situações poderá ser necessário oxigenoterapia.



Animais obesos devem emagrecer, e as coleiras cervicais devem ser substituídas por peitorais.

Em animais que não respondem ao tratamento médico poderá ser equacionada a resolução cirúrgica.

quinta-feira, outubro 31, 2013

Chegou o frio! O seu animal tem dores nos ossos?

Se o seu cão começa a manifestar alguma dificuldade de locomoção, já não corre como antes ou de manhã demora mais tempo a levantar-se, é provável que comece a sofrer de algum tipo de problema a nível articular, provavelmente, de osteoartrite.

Estes sintomas têm alguma tendência a agravar-se com a diminuição das temperaturas, à medida que nos aproximamos do Inverno.

Muitos donos de cães encaram estes sintomas como o resultado de um inevitável processo de envelhecimento, no entanto, temos ao nosso dispôr, inúmeras soluções que podem ajudar o seu animal a ter uma qualidade de vida como ele a merece, com o mínimo de dor e sofrimento.





O que é a osteoartrite?

A osteoartrite é uma doença degenerativa das articulações, progressiva e permanente, na qual ocorre uma inflamação crónica da articulação devido à degradação da cartilagem.
Dentro das articulações mais afetadas encontram-se a articulação coxo-femoral (anca), a articulação do joelho, do cotovelo, do carpo ("pulso") e as articulações intervertebrais (coluna).
Esta condição não tem cura, iniciando-se o processo tem tendência a agravar-se.




O que provoca a osteoartrite?

A osteoartrite ocorre principalmente em cães mais idosos como resultado do processo natural de desgaste das articulações. Animais de grande porte ou animais obesos (cujas articulações sofreram mais pressão ao longo da vida), têm maior predisposição para desenvolver a doença.
Animais com alterações nas articulações como a displasia da anca ou luxação da rótula também têm maior predisposição ao desenvolvimento da patologia.
A osteoartrite desenvolve-se ainda nas articulações que tenham sofrido lesões ou traumas anteriores.



Quais os sintomas de osteoartrite?

  • Dificuldade de locomoção e postura anormal
  • Rigidez das articulações principalmente quando se levantam
  • Dificuldade em subir ou descer escadas
  • Dificuldade em saltar
  • Dificuldade em sentar-se ou levantar-se
  • Relutância em ir passear e andamento mais lento
  • Gemidos
  • Lambedura insistente do local da articulação (por dor e desconforto)
  • Claudicação (coxear)
  • Animal não pára quieto e não consegue ter posição para se deitar
  • Manifestação de dor quando se toca ou manipula a articulação
  • Crepitação quando se move a articulação

Como se diagnostica?

O diagnóstico é feito através da combinação do exame físico e história clínica do animal, a confirmação é feita com a realização de Rx.


Quais os tratamentos disponíveis para a osteoartrite canina?

Com referi anteriormente, esta patologia não tem cura, mas é possível melhorar muito a qualidade de vida dos animais que sofrem da doença.

As terapêuticas centram-se em reduzir a progressão da doença e aliviar a inflamação e a dor do animal.

Os protocolos terapêuticos são adaptados à situação específica de cada animal, e podem incluir:

  • Anti-inflamatórios não esteróides (AINE)
Os AINE são usados para controlar a inflamação e a dor resultantes do processo. A medicina veterinária oferece muitas soluções, que permitem realizar tratamentos pontuais (em situações mais agudas) ou manter tratamentos muito prolongados com minimização de efeitos secundários.

  • Corticosteróides
Poderão ser usados em alternativa aos AINE em algumas situações.

  • Analgésicos
O seu médico veterinário assistente poderá em algumas casos associar algum analgésico ao anti-inflamatório.

  • Suplementos alimentares
Glucosamina, condroitina, ácido hialorónico e ácidos gordos (omega 3), são agentes que ajudam a reduzir a inflamação e reduzem a progressão da doença. Animais que beneficiam desta suplementação têm uma notória diminuição do desconforto e da dor.
Estes suplementos podem ser encontrados sob a forma de produtos para administração oral, ou em dietas  especialmente formuladas para suporte de animais com patologia articular.

  • Terapêuticas alternativas como a acunpunctura ou homeopatia

  • Fisioterapia , terapia em meio aquático como tapete rolante sub-aquático






Além destas terapêuticas, os donos poderão tomar outro tipo de medidas que irão facilitar a vida do animal e retardar a evolução do problema:

  • Controlar o peso do animal
  • Manter  o animal com exercício regular moderado para impedir a atrofia muscular
  • Evitar saltos, pulos ou que o animal se mantenha apenas nos membros posteriores
  • Providenciar cama acolchoada
  • Evitar exposição ao frio

O seu animal não precisa de sofrer com dor, procure o seu médico veterinário e avalie as soluções possíveis.



quinta-feira, outubro 24, 2013

O seu cão arrasta o ânus pelo chão?




Se já observou este comportamento no seu cão, muito provavelmente, ou está perante um problema de parasitas intestinais, ou perante um problema dos sacos anais.

Hoje vou falar da doença dos sacos anais.

Os problemas de sacos anais surgem com alguma frequência, principalmente em cães de raças pequenas. Os gatos também podem ser afetados.


O que são os sacos anais?

Os sacos anais são duas estruturas em forma de gota, que se localizam de cada lado do ânus, sensivelmente nas posições das 4 e das 8 horas.

Estes sacos produzem uma secreção semi-oleosa, normalmente de cor acastanhada ou acinzentada, com um cheiro que geralmente varia entre o horrível e o pestilento!

O conteúdo dos sacos é eliminado quando ocorre contração dos esfincteres anais, quer no decorrer da defecação normal, quer quando se encontram nervosos e agitados.

Esta secreção produz um odor próprio de cada animal, e serve como forma de identificação individual e marcação de território através das fezes.


Como se desenvolvem os problemas dos sacos anais?

A doença dos sacos anais desenvolve-se em três fases: impactação, saculite, e abcesso.

A impactação dos sacos anais ocorre quando a secreção se torna muito espessa, ocorrendo acumulação e distensão do saco anal. Esta secreção costuma ser de cor acastanhada.
Nesta fase, é necessário realizar a expressão manual do conteúdo dos sacos (processo vulgarmente conhecido como: "espremer as glândulas"). Este procedimento é feito pelo médico veterinário ou pelo próprio proprietário do animal (após instrução do médico veterinário).

Atenção, só é necessário realizar este procedimento quando o animal tem impactação do saco anal. Um animal que não manifesta qualquer problema não precisa de o fazer.




Quando ocorre inflamação do saco anal estamos perante uma saculite anal, e surge na sequência de um processo de impactação. Nesta fase pode ocorrer infeção bacteriana, e a secreção torna-se mais fluída e com coloração amarelada, esverdeada (pus) ou sanguinolenta.

Na fase final do processo pode ocorrer um abcesso cuja parede pode roturar e desenvolver-se fístula através da qual sai o conteúdo.


Quais as causas?

A causa exata não é conhecida. Parece haver maior predisposição em raças pequenas, animais obesos, animais com tonicidade dos esfincteres anais diminuída, e animais com tendência a ter fezes mais moles ou diarreia.


Quais os sinais e sintomas de doença do saco anal?

  • Animal arrasta o ânus pelo chão
  • Animal lambe constantemente o ânus e zona peri-anal
  • Tenesmo (tentativas repetidas para defecar) e dificuldade em defecar
  • Tumefacção de um dos lados do ânus, normalmente muito dolorosa e vermelha nas situações de saculite e abcesso
  • Descarga purulenta ou sanguiolenta resultante da rotura de um abcesso
  • Febre (situações graves)

Qual o tratamento?

Nos animais com episódios de impactação frequente é necessário realizar a expressão manual dos sacos anais numa base regular.

Quando se desenvolve saculite anal, é realizada a expressão manual do conteúdo dos sacos anais, seguido de antibioterapia local e sistémica.

A resolução dos abcessos passa por limpeza da zona e antibioterapia. Se o abcesso não tiver roturado, o seu médico veterinário poderá proceder à abertura cirúrgica do mesmo. 

Muitos deste procedimentos podem requerer a sedação do animal, visto este ser um processo muito doloroso.


Nas situações de saculite e abcessos recorrentes, pode ser necessário realizar a remoção cirúrgica do saco anal.

terça-feira, outubro 22, 2013

Otites em cães e gatos

A otite externa em cães e gatos, mais concretamente a inflamação do canal auditivo externo, é uma das razões mais comuns pelas quais os donos levam cães e gatos à consulta.


O canal auditivo externo corresponde ao canal vertical mais o canal horizontal
(forma de L), que se estende desde o pavilhão auricular (orelha), até ao tímpano

Sintomas

Um animal com otite externa apresenta normalmente prurido auricular, abana e sacode frequentemente as orelhas, roça as orelhas pelas paredes e chão, as orelhas apresentam-se com cor avermelhada, pele espessada, pode existir secreção mais abundante com cor que pode variar desde o amarelado, ao esverdeado e ao castanho escuro. A secreção apresenta frequentemente um cheiro nauseabundo. Muitas vezes a orelha encontra-se para baixo e o animal inclina a cabeça para o mesmo lado da otite. A situação pode ser bastante dolorosa.





Causas

As causas e fatores predisponentes para o aparecimento de uma otite externa são variadas:

  • Causas alérgicas, ambientais ou alimentares
  • Corpos estranhos - entrada de ervas no canal auditivo (vulgarmente as praganas-espigas no Verão)
  • Entrada de água no canal auditivo (resultante de banhos)
  • Distúrbios de queratinização- como Seborreia idiopática 
  • Excesso de produção de cerúmen
  • Bactérias - como Staphylococcus spp. e Pseudomonas, responsáveis frequentemente por otites crónicas
  • Fungos e leveduras - como Malassezia pachydermatis
  • Ácaros - como o Otodectes Cynotis, esta infeção é bastante comum, principalmente nos gatos, e é responsável pelo aparecimento de uma secreção castanha escura, onde por vezes se conseguem vizualizar pontos brancos a olho nu (os ácaros)


  • Tumores e pólipos

Diagnóstico

O diagnóstico de otite externa é feito através do exame clínico, observação do canal auditivo externo e eventualmente citologia para determinar o agente infeccioso envolvido.




Tratamento

O tratamento de uma otite externa depende da sua causa, com já vimos, as otites não são todas iguais, e passa pela correção das causas sistémicas e pelo tratamento local da causa específica.

Genericamente o tratamento de uma otite passa por uma limpeza do canal auditivo (veja como limpar os ouvidos do seu animal), por aplicação de gotas ou pomada com antibiótico, antifúngico ou antiparasitário, diretamente no canal auditivo, e por vezes, por terapêutica oral associada.


Observe regularmente os ouvidos do seu animal e esteja atento aos sintomas, desta forma poderá atuar mais precocemente e prevenir complicações e danos mais extensos.






terça-feira, outubro 15, 2013

Vantagens e desvantagens da castração canina


Embora a necessidade de esterilização de cadelas, gatas e gatos machos já se encontre enraizada nas mentes e hábitos da maior parte dos donos de animais no nosso país, a esterilização de cães machos (vulgo castração), é ainda abordada com muita relutância por parte dos proprietários, mesmo quando está em causa a resolução de determinada patologia do animal através da castração.

Julgo que as razões para esta situação são essencialmente culturais e resultantes de convicções pessoais e mitos que atravessam a nossa sociedade. Quando a questão é abordada pelos médicos veterinários, é frequente serem apresentados argumentos contra o procedimento tais como: o animal vai perder a sua personalidade, o animal vai perder capacidade de guardar a casa, ou de caçar (essencialmente mitos, porque estes comportamentos não estão dependentes da ação hormonal); o animal deverá ter descendência, ou então, o animal deixará de ser "macho", argumentos mais relacionados com emoções humanas do que com a realidade da psicologia canina.




Outros argumentos apresentados como desvantagens da castração de machos são:

  • O animal vai ficar obeso
Na realidade, um animal esterilizado diminui o seu ritmo metabólico, como tal, necessita de menos calorias para manter o seu peso. A prevenção e resolução deste efeito secundário passa por adaptar a quantidade e tipo de comida que se dá ao cão. O animal deverá receber menor quantidade de alimento do que a recebia antes da castração, ou poderá optar por um alimento apropriado a animais esterilizados (administrando apenas a quantidade diária recomendada). Adicionalmente, o animal deve ser estimulado a exercitar-se.
Não é a castração que engorda o cão, mas sim o próprio dono que não segue estas recomendações.

  • O animal não vai atingir o seu desenvolvimento completo e não terá a massa muscular que deveria.
Pode ocorrer se o procedimento for feito muito precocemente. 
Solução: aguardar até à maturidade do animal.

  • O custo do procedimento cirúrgico é elevado
       O valor das cirurgias é determinado com base nos custos associados à manutenção do centro veterinário, custos da cirurgia e especificidade do procedimento. Continue a ler e irá perceber que as vantagens de realizar o procedimento superam largamente os custos, até porque, muitas vezes, devido às patologias associadas à presença de testosterona que vão surgindo com avançar da idade do animal, muito provavelmente terá de realizar o procedimento mais tarde ou mais cedo.



Quais as vantagens de realizar a castração de um cão?

  • Controlo reprodutivo. A esterilização de animais permite reduzir o número de ninhadas de casa e ajuda a controlar as populações errantes, reduzindo assim a quantidade de animais que acabam por nunca ter uma casa, e terminam os seus dias em albergues e centros de recolha, ou no meio da rua sem quaisquer condições de bem estar, para já não falar daqueles que acabarão por ser eutanasiados.
       
                                 
  • Prevenção da transmissão de características genéticas indesejáveis , como a displasia da anca ou o criptorquidismo (ausência dos testículos na bolsa escrotal)
  • Prevenção e tratamento de patologias associadas à presença dos testículos e testosterona. Ao castrar o seu cão está a prevenir que este desenvolva :
    • tumores de testículo
    • hiperplasia benigna da próstata (aumento do volume da próstata resultante da ação da testosterona)
    • abcessos, quistos e tumores de próstata
    • hérnias perineais
    • tumores perianais 
    • De salientar, que na presença de qualquer uma destas patologias, a castração é sempre uma componente do tratamento
    • Alguns problemas dermatológicos associados à testosterona também se resolvem através da castração.
  • Prevenção e resolução de problemas comportamentais
    • Redução do interesse em fêmeas, redução das fugas
    • Redução do comportamento de monta e masturbação
    • Redução da marcação urinária
    • Poderá ajudar a diminuir comportamentos agressivos entre cães machos, ou diminuir a agressividade contra pessoas. Atualmente existe muita controvérsia acerca dos reais benefícios da castração em situações de agressividade canina.

Pela saúde do seu cão, e pela melhoria do bem estar de outros, considere castrar o seu cão.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Traqueobronquite infeciosa ou "tosse do canil"



A traqueobronquite infeciosa é mais conhecida pelos proprietários de cães como "tosse do canil" ou até, "gripe dos cães", é uma doença que afeta as vias aéreas superiores dos cães, e é de muito fácil transmissão, sendo mais frequente em animais que mantêm contacto próximo com outros animais, tal como acontece em hoteis canil  ou em albergues, ou até em hospitais veterinários.


Desenganem-se os donos que acham que os seus cães não estão em risco porque não frequentam estes espaços, o simples contacto com um animal infetado durante o seu passeio regular no jardim à porta de casa, pode ser o suficente para o seu cão contrair a doença.

A "tosse de canil" é uma doença que pode ocorrer em qualquer altura do ano, poderá ocorrer um pouco mais quando as temperaturas baixam e os espaços são menos ventilados.


Quais as causas desta doença?

Causas e não causa!
São vários os agentes patogénicos , de entre vírus e bactérias, responsáveis pelo desenvolvimento desta doença, podendo existir de forma isolada ou associada.
Os agentes mais comuns são:
  • a Bordetella bronchiseptica (Bb), uma bactéria
  • o vírus da Parainfluenza canina (Pi)
  • Adenovírus tipo 2
  • Herpesvírus canino
  • Reovírus canino

Como se transmite a doença?

É uma doença altamente contagiosa, transmite-se principalmente por via aérea (pela tosse e espirros) e por fomites (objetos e superfícies contaminadas, tal como comedouros e bebedouros).


Quais são os sintomas?

É uma doença caracterizada por acessos de tosse seca e intensa. Os proprietários descrevem frequentemente a situação com se o animal tivesse algo preso na garganta.
Estes acessos ocorrem frequentemente após um período de maior atividade ou excitação. 


Os animais podem por vezes parecer querer vomitar ou podem mesmo vomitar algum fluído.
Regra geral os animais encontram-se ativos, com apetite normal e sem febre.

A maior parte dos quadros clínicos é relativamente ligeiro e pode ser auto-limitante.

Existe a possibilidade de complicação para broncopneumonia, principalmente em animais muito jovens ou mais debilitados. Nestes casos, os animais podem surgir mais prostrados, com febre, sem apetite ou com dificuldades respiratórias.


Qual o tratamento?

O tratamento da doença consiste principalmente no alívio dos sintomas.
São administrados normalmente antibióticos para o tratamento da infeção com Bordetella bronchiseptica (Bb) e infeções bacterianas secundárias.


Como se previne?

A vacinação é a melhor forma de proteger o seu cão contra esta doença.
Existem várias vacinas disponíveis no mercado.


Muitas vacinas polivalentes (as que habitualmente administra ao seu animal anualmente) incluem a proteção contra o vírus da Parainfluenza canina mas não incluem proteção contra Bordetella bronchiseptica.

Poderá fazer uma Vacina injetável contra tosse de canil que inclui proteção contra os dois agentes.

As vacinas injetáveis devem ser administradas em duas doses com intervalo de 3 a 4 semanas. O animal encontra-se protegido 10 a 15 dias após a vacinação. O reforço é anual.

Existe ainda uma vacina de administração intranasal que confere proteção contra os dois agentes infeciosos mencionados e que poderá ser usada em situações em que os animais estão em maior risco de contrair a doença. Tem a vantagem de conferir uma maior proteção local e da imunidade se desenvolver em 4 dias. Como é uma vacina viva atenuada, alguns animais poderão desenvolver ligeiros sintomas da doença.

A desinfeção dos espaços e objetos e a ventilação do meio ambiente, são importantes medidas a tomar para diminuir a probabilidade de infeção por estes agentes patogénicos


Se pretende colocar o seu animal em hotel canil, é aconselhável efetuar a vacinação com pelo menos 15 dias de antecedência.






terça-feira, setembro 24, 2013

Piómetra

Um problema de gatas e de cadelas



A decisão de esterilizar ou não a sua cadela ou a sua gata, não passa apenas por uma necessidade de controlar a questão reprodutiva, está muitas vezes associada a fatores emocionais, como o receio de que algo corra menos bem durante a cirurgia, convicções pessoais, relacionadas normalmente com a vontade de não interferir na verdadeira natureza do animal, fatores económicos, tão presentes em tempos como os que vivemos atualmente, e fatores médicos, em que a esterilização surge como forma de prevenir ou tratar patologias bastante frequentes nos nossos amigos de patas e bigodes.

Uma das patologias mais comuns é a piómetra.

Para uma melhor compreensão da patologia, coloquei algumas imagens que poderão eventualmente impressionar alguns dos leitores mais sensíveis.


O que é uma piómetra?

Piómetra é uma infeção do útero, ocorre secundariamente a alterações hormonais.
É uma patologia, que não tratada, pode colocar o seu animal em risco de vida.

Após o cio, a hormona prevalente é a progesterona. Por ação hormonal, o revestimento do útero torna-se mais espesso para poder suportar uma gravidez. Quando esta não ocorre durante vários ciclos, o revestimento vai ficando mais espesso e formando quistos (hiperplasia quística do endométrio).
Estes quistos secretam fluído, criando um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias. As bactérias entram no útero por via ascendente, ou seja, as bactérias que se encontram na vagina, passam para o útero através do cérvix.


À direita: útero normal de gata
À esquerda: útero de gata com piómetra


Quais as causas do desenvolvimento de uma piómetra?

A piómetra desenvolve-se em animais inteiros (não esterilizados), devido a alterações hormonais, 2 a 8 semanas após o cio.

A piómetra pode ser ainda provocada por administração de hormonas para:
  • Prevenir o cio e uma gravidez , como pílulas e injeções anticoncecionais. A administração destes medicamentos aumenta muito o risco de desenvolvimento desta patologia, sendo desaconselhada a sua administração.
  • Aborto
Animais de qualquer idade podem ser afetados.


Quais os sintomas?
  • Corrimento vaginal, com coloração que pode variar entre o amarelado, acastanhado, esverdeado ou com presença de sangue. Alguns animais não têm um corrimento muito exuberante, sendo por vezes visíveis apenas algumas pequenas manchas que ficam nos locais onde o animal se deitou. Noutros animais, o corrimento pode não ser visível devido aos hábitos de higiene do próprio animal.
  • Prostração e pouco apetite
  • Poliúria (o animal urina mais)
  • Polidipsia (o animal bebe mais água)
  • Dilatação abdominal
  • Vómito´
  • Febre pode estar presente

Atenção, um animal com piómetra pode apresentar corrimento vaginal e apresentar um bom estado geral e atividade durante algum tempo, o problema não se resolverá por si, e o animal deverá ser consultado rapidamente por um médico veterinário.

Existem animais com piómetra nos quais não há corrimento vaginal, esta situação é denominada de piómetra fechada. Neste caso, o conteúdo uterino não é expelido para o exterior e vai-se acumulando. Estes quadros são por norma mais graves, e vêm com evoluções mais avançadas. O risco de rotura do útero e contaminação da cavidade abdominal é elevado.
Uma queixa comum que leva os proprietários destes animais à consulta, é o fato da sua cadela ou gata estar com dificuldades em defecar, isto ocorre porque o útero se torna tão volumoso que provoca compressão e obstrução do intestino, não permitindo a passagem das fezes.


Como se diagnostica uma piómetra?

Os sintomas acima descritos num animal não esterilizado tornam a suspeita de piómetra muito provável. 
Podemos recorrer à ecografia abdominal para confirmar o diagnóstico, principalmente nas situações de piómetra fechada, nas quais não observamos corrimento vaginal.
Um hemograma pode revelar um aumento de neutrófilos (glóbulos brancos).


Quais os tratamentos disponíveis?

O melhor tratamento é a ovariohisterectomia (esterilização), cirurgia na qual são removidos os óvários e o útero.


Aspeto de um útero de cadela normal durante a ovariohisterectomia

Resolução cirúrgica de piómetra em cadela.
O animal pesava 5 Kg
O útero pesava 1,350Kg


Após a cirurgia o animal mantem tratamento com antibibiótico durante 10 a 15 dias.

Existe como alternativa, a possibilidade de fazer um tratamento médico com prostanglandinas. Este tratamento comporta alguns riscos e a sua eficácia não é elevada.



O tratamento de eleição é a cirurgia.

A prevenção eficaz é a esterilização precoce de gatas e cadelas.