quinta-feira, julho 11, 2013

Leishmaniose ou " a doença do mosquito" - Segunda parte







Na primeira parte deste tema falei-lhe da doença, de como se transmitia e como se diagnosticava.

Hoje vou falar-lhe dos tratamentos disponíveis e do tipo de prevenção que podemos fazer para proteger os nossos cães.


Como se previne a leishmaniose?


A transmissão da leishmaniose ocorre atravé da picada de um insecto (flébotomo) de actividade nocturna, que se desenvolve com temperaturas amenas ou elevadas e com alguma humidade.

A prevenção passa por evitar que o seu cão esteja sujeito à picada do flébotomo, quer controlando condições ambientais, quer utilizando repelentes de insectos.
  • Manter o espaço exterior onde o seu cão permanece (quintais, terrenos,   terraços, varandas) livre de detritos orgânicos, acumulações de lixo, alimentos, folhas, ervas. Estes detritos acumulam alguma humidade e favorecem a proliferação dos insectos.
  • Utilizar plantas repelentes de insectos (citronela e neem). Este tipo de solução tem sido bastante utilizada no Brasil.

Planta de citronela

  • Colocar redes mosquiteiras nos canis e casotas.
  • Manter o seu cão dentro de casa desde o entardecer ao amanhecer
  • Utilizar no seu cão coleiras ou soluções spot-on (pipetas) com acção repelente de mosquito (Scalibor, Advantix, Activyl Tick Plus, Pulvex)








  • Actualmente já existe em Portugal uma vacina contra leishmaniose, a Canileish (Laboratório Virbac). Considere vacinar o seu animal, principalmente se é um animal de maior risco como animais que passam muito tempo no exterior, em zonas com maior probabilidade de multiplicação de flebótomos , ou animais de raça que são normalmente mais sensíveis que cães cruzados ou de raças autóctones. A vacina é inicialmente administrada em três doses com intervalo de três semanas. Requer depois um reforço com uma dose anualmente. A vacina só poderá ser administrada a animais livres de leishmaniose, o seu veterinário fará uma análise de sangue antes da primeira dose da vacina. A vacina só pode ser administrada a partir dos seis meses de idade.


  •  Existe ainda um medicamento que estimula o sistema imunitário do animal e diminui consideravelmente o risco de contrair a doença, o Leishguard (Laboratório Esteve Veterinária). Este medicamento é administrado por via oral durante 30 dias três vezes por ano (preferencialmente em Outubro, Fevereiro e Junho). Pode ser administrado em cachorros. Este medicamento pode ser utilizado também no tratamento da doença.


Como se trata a leishmaniose?

O tratamento efectuado a um animal com esta doença depende do estado geral em que este se encontra.

Antes de iniciar o tratamento específico para controlar o parasita no organismo, o animal terá de fazer algumas análises sanguíneas para determinar se já existem problemas renais, hepáticos ou se já existe uma situação de anemia. Este tipo de alterações podem exigir uma estabilização do animal antes de começar o protocolo de tratamento específico.

O tratamento específico passa por protocolos de injecções diárias associadas ou não a comprimidos ou a soluções de administração oral.
Estes tratamentos são prolongados e demoram cerca de um mês.
Em alguns protocolos, os comprimidos administrados por via oral são depois mantidos para o resto da vida do animal como forma de controlo da infecção.



Após o tratamento, os animais devem ser sujeitos a análises regulares, inicialmente com intervalo de 3 meses e depois com intervalos de seis meses.

Estes tratamentos não eliminam normalmente a infecção, podendo estes animais voltar a manifestar sintomas meses ou anos mais tarde, e haver assim necessidade de repetir os tratamentos.

As medidas preventivas devem continuar a ser aplicadas a animais que contraíram a doença de forma a evitar reinfecções.

Com tratamento é uma doença controlável na grande maioria das vezes. É frequente termos animais controlados, sem manifestarem sinais clínicos e com grande qualidade de vida após seis ou sete anos do tratamento efectuado.

Em Portugal, o não tratamento de um animal infectado obriga à sua eutanásia ( Decreto-Lei  nº314/2003 de 17 de Dezembro) , a doença é mortal sem tratamento.



Existe risco de infecção para o ser humano?

Sim, o ser humano pode contrair leishmaniose.

Tal como no cão, o ser humano só fica infectado ser for picado por um flebótomo que lhe transmita o parasita.

As populações de maior risco são crianças de tenra idade ou pessoas imunodeprimidas.

Possuir um cão com leishmaniose não aumenta o risco de contrair a doença.

A doença no ser humano é curável pois o tratamento tem mais eficácia.

Em Portugal, a leishmaniose humana tem pouca expressão.


As medidas preventivas a ser aplicadas por todos são extremamente importantes para diminuir a prevalência da doença nos cães e consequentemente haver uma maior protecção da saúde humana

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