terça-feira, novembro 19, 2013

Enriquecimento ambiental, fundamental para os seus gatos!

Cada vez mais frequentemente, os proprietários dos gatos exclusivamente de interior recorrem aos médicos veterinários pedindo ajuda para a resolução de inúmeros problemas comportamentais dos seus felinos, problemas esses que passam pela agressão entre gatos da mesma casa, agressão direcionada a pessoas (como morder as mãos ou tornozelos quando as pessoas se movimentam), comportamentos destrutivos (como arranhar objetos), eliminação desapropriada (urinar e defecar fora da caixa de areia), manifestações de ansiedade (como a limpeza excessiva do pêlo, levando-os a arrancar o próprio pêlo), entre outras situações.

Muitos destes problemas surgem pela falta de conhecimento do proprietário em relação às reais necessidades de um felino, e à falta de perceção de que um gato doméstico não está realmente domesticado, vivendo connosco numa situação de parceria, mas mantendo muitos dos seus instintos e características selvagens.



Cabe-nos a nós providenciar um ambiente correto para que o nosso gato possa exercer os comportamentos naturais da sua espécie.

O ambiente no qual o gato vive deve ser estruturado tendo em consideração que existe um ou mais felinos em casa, e não deve ser aborrecido. Devemos ter em conta que o gato é um animal com sentidos extremamente apurados e com uma agilidade excecional, o gato tem necessidade de explorar o seu ambiente e satisfazer a sua natural curiosidade, tem necessidade de caçar, de se alimentar, de descansar, de se refugiar e de se sentir seguro.

Devem existir zonas delimitadas e separadas de alimentação, descanso e brincadeira, e de eliminação (o gato não gosta de comer ao lado da casa de banho!).



Como implementar o enriquecimento ambiental?


O gato tem de caçar

O gato é um caçador, devemos estimular este comportamento através de atividades lúdicas e de brincadeira. Este comportamento pode ser estimulado através da interação com objetos, pessoas ou outros animais.

  • Podemos usar objetos como canas de pesca com penas na ponta, objetos pequenos como bolas, ratinhos ou até bolas de papel amachucado. Deve ser feita rotação de brinquedos para providenciar novidade.



  • Pode colocar objetos ou comida dentro de brinquedos com buracos (puzzle alimentar). O gato terá de "trabalhar" para chegar ao seu objetivo.
                  


  • Use túneis e coloque objetos lá dentro. Os túneis também servem de esconderijo.


O gato tem de afiar as unhas

Coloque arranhadores disponíveis. Se tiverem prateleiras estará a adicionar benefícios. Veja aqui o artigo correspondente a este tema.




O gato tem predileção pelas alturas

Os felinos gostam de locais elevados para poderem observar o seu ambiente ou para se refugiarem. O gato sente-se mais relaxado em locais elevados, daí ser frequente encontrar os gatos a dormir em cima dos armários ou das prateleiras.

  • Pode instalar prateleiras para o efeito. Tenha atenção que devem ter dimensão suficiente para o seu gato.
  • Pode construir percursos com prateleiras ou escadas (tem a vantagem de permitir que o seu gato se exercite).


O gato gosta de se esconder e deve-lhe ser permitido ter para onde fugir

Caixas com pequenas aberturas são uma solução.




O gato tem necessidade de estímulo visual, auditivo e olfativo

O acesso a janelas (tomando medidas para evitar a fuga do animal) é uma solução. Os gatos também gostam muito de observar aquários.





Se existem vários gatos em casa, deve ter ainda atenção às caixas de areia e às taças de água e comida, que devem ser múltiplas e distribuídas por vários pontos da casa.

Tenha gatos felizes!




quinta-feira, novembro 07, 2013

Gostaria que o seu gato deixasse de arranhar o sofá?

Foto: Conseguiremos nós domesticar o nosso gato?


Arranhar objectos faz parte do comportamento normal de qualquer felino, portanto, é completamente impossível evitar que o seu gato arranhe qualquer coisa lá por casa.
É necessário providenciar alternativas aceitáveis para que o seu gato se comporte como gato, e ainda assim, conseguirmos manter a salvo todos os sofás, cadeiras, móveis, tapetes e cortinados.


Mas porque razão os gatos arranham objectos?

Os gatos arranham os objectos do seu meio ambiente para:
  • "Afiar" as unhas, eliminando lascas e camadas soltas
  • Se exercitarem e alongarem os músculos
  • Como forma de marcação de território através do efeito visual (do comportamento e da marca deixada), e através do odor deixado pelas feromonas produzidas por glândulas das almofadas plantares.

Tenho um gatinho novo em casa. Como evitar que comece a arranhar sofás e móveis?

Prevenir é sempre mais fácil que remediar.
Devem ser providenciadas várias alternativas, e o gatinho deve ser encorajado a arranhar nesses locais, associando a brincadeira e o reforço positivo ao objecto que pretendemos que o nosso gato use.

  • Coloque arranhadores no local onde o gato dorme ou descansa e no local onde passa mais tempo
  • Tente perceber qual o substrato preferido para o seu gato arranhar, há gatos que preferem corda e sisal, outros preferem tecidos, podem ser necessárias algumas tentativas até acertar no arranhador mais aprazível para o seu gato
  • Tente perceber se o seu gato prefere arranhar em superfícies verticais ou horizontais
  • Associe brinquedos que o seu gato goste ao arranhador, torne o arranhador lúdico e interessante.
  • Os arranhadores devem ser estáveis e de tamanho adequado para que o seu gato se possa alongar completamente
















O meu gato arranha sofás e móveis. Como evitar que isto continue a ocorrer?

Muito simples! Talvez!
Para evitar que os gatos continuem a arranhar os locais que para eles são fantásticos mas para nós são inaceitáveis, devemos tornar esses locais aversivos e desagradáveis para o gato. Por outro lado, devemos simultâneamente, oferecer-lhes uma alternativa agradável para realizarem o seu comportamento normal.
Não se esqueça que a punição não funciona muito bem com gatos, portanto, gritar ou punição física não vão resolver qualquer problema, podendo até despoletar comportamentos agressivos de defesa.

  • Cubra os objectos que quer proteger com substratos desagradáveis para o seu gato: fita cola de dupla face (os gatos não gostam de superfícies que colem), ou folha de alumínio 
  • Pode associar um barulho desagradável no momento que o gato começa a arranhar. Não convém que o gato se aperceba de onde vem o som, e não é conveniente que o barulho seja de tal forma intenso que deixe o gato assustado ou ansioso.
  • Coloque um arranhador (com as características mencionadas anteriormente) próximo do local onde o animal costumava arranhar (por exemplo, ao lado do sofá)
  • Há medida que o seu gato se afeiçoa ao novo objecto,pode ir afastando do local original
  • Se está na altura de substituir algum objecto da casa que o seu gato usava para arranhar (como um tapete), não o elimine, guarde-o para o seu gato, provavelmente ele irá continuar a usá-lo, salvando o novo.

Além de tudo isto, poderá ainda cortar regularmente as unhas do seu gato para minimizar os estragos (verifique como cortar as unhas do seu gato)
Atenção,  gatos com acesso ao exterior não devem cortar as unhas porque precisam delas para se defenderem e para trepar.

Não se esqueça que pode ser necessária alguma paciência e muitas tentativas até acertar com a fórmula correcta, mas não desista!

quinta-feira, outubro 31, 2013

Chegou o frio! O seu animal tem dores nos ossos?

Se o seu cão começa a manifestar alguma dificuldade de locomoção, já não corre como antes ou de manhã demora mais tempo a levantar-se, é provável que comece a sofrer de algum tipo de problema a nível articular, provavelmente, de osteoartrite.

Estes sintomas têm alguma tendência a agravar-se com a diminuição das temperaturas, à medida que nos aproximamos do Inverno.

Muitos donos de cães encaram estes sintomas como o resultado de um inevitável processo de envelhecimento, no entanto, temos ao nosso dispôr, inúmeras soluções que podem ajudar o seu animal a ter uma qualidade de vida como ele a merece, com o mínimo de dor e sofrimento.





O que é a osteoartrite?

A osteoartrite é uma doença degenerativa das articulações, progressiva e permanente, na qual ocorre uma inflamação crónica da articulação devido à degradação da cartilagem.
Dentro das articulações mais afetadas encontram-se a articulação coxo-femoral (anca), a articulação do joelho, do cotovelo, do carpo ("pulso") e as articulações intervertebrais (coluna).
Esta condição não tem cura, iniciando-se o processo tem tendência a agravar-se.




O que provoca a osteoartrite?

A osteoartrite ocorre principalmente em cães mais idosos como resultado do processo natural de desgaste das articulações. Animais de grande porte ou animais obesos (cujas articulações sofreram mais pressão ao longo da vida), têm maior predisposição para desenvolver a doença.
Animais com alterações nas articulações como a displasia da anca ou luxação da rótula também têm maior predisposição ao desenvolvimento da patologia.
A osteoartrite desenvolve-se ainda nas articulações que tenham sofrido lesões ou traumas anteriores.



Quais os sintomas de osteoartrite?

  • Dificuldade de locomoção e postura anormal
  • Rigidez das articulações principalmente quando se levantam
  • Dificuldade em subir ou descer escadas
  • Dificuldade em saltar
  • Dificuldade em sentar-se ou levantar-se
  • Relutância em ir passear e andamento mais lento
  • Gemidos
  • Lambedura insistente do local da articulação (por dor e desconforto)
  • Claudicação (coxear)
  • Animal não pára quieto e não consegue ter posição para se deitar
  • Manifestação de dor quando se toca ou manipula a articulação
  • Crepitação quando se move a articulação

Como se diagnostica?

O diagnóstico é feito através da combinação do exame físico e história clínica do animal, a confirmação é feita com a realização de Rx.


Quais os tratamentos disponíveis para a osteoartrite canina?

Com referi anteriormente, esta patologia não tem cura, mas é possível melhorar muito a qualidade de vida dos animais que sofrem da doença.

As terapêuticas centram-se em reduzir a progressão da doença e aliviar a inflamação e a dor do animal.

Os protocolos terapêuticos são adaptados à situação específica de cada animal, e podem incluir:

  • Anti-inflamatórios não esteróides (AINE)
Os AINE são usados para controlar a inflamação e a dor resultantes do processo. A medicina veterinária oferece muitas soluções, que permitem realizar tratamentos pontuais (em situações mais agudas) ou manter tratamentos muito prolongados com minimização de efeitos secundários.

  • Corticosteróides
Poderão ser usados em alternativa aos AINE em algumas situações.

  • Analgésicos
O seu médico veterinário assistente poderá em algumas casos associar algum analgésico ao anti-inflamatório.

  • Suplementos alimentares
Glucosamina, condroitina, ácido hialorónico e ácidos gordos (omega 3), são agentes que ajudam a reduzir a inflamação e reduzem a progressão da doença. Animais que beneficiam desta suplementação têm uma notória diminuição do desconforto e da dor.
Estes suplementos podem ser encontrados sob a forma de produtos para administração oral, ou em dietas  especialmente formuladas para suporte de animais com patologia articular.

  • Terapêuticas alternativas como a acunpunctura ou homeopatia

  • Fisioterapia , terapia em meio aquático como tapete rolante sub-aquático






Além destas terapêuticas, os donos poderão tomar outro tipo de medidas que irão facilitar a vida do animal e retardar a evolução do problema:

  • Controlar o peso do animal
  • Manter  o animal com exercício regular moderado para impedir a atrofia muscular
  • Evitar saltos, pulos ou que o animal se mantenha apenas nos membros posteriores
  • Providenciar cama acolchoada
  • Evitar exposição ao frio

O seu animal não precisa de sofrer com dor, procure o seu médico veterinário e avalie as soluções possíveis.



quinta-feira, outubro 24, 2013

O seu cão arrasta o ânus pelo chão?




Se já observou este comportamento no seu cão, muito provavelmente, ou está perante um problema de parasitas intestinais, ou perante um problema dos sacos anais.

Hoje vou falar da doença dos sacos anais.

Os problemas de sacos anais surgem com alguma frequência, principalmente em cães de raças pequenas. Os gatos também podem ser afetados.


O que são os sacos anais?

Os sacos anais são duas estruturas em forma de gota, que se localizam de cada lado do ânus, sensivelmente nas posições das 4 e das 8 horas.

Estes sacos produzem uma secreção semi-oleosa, normalmente de cor acastanhada ou acinzentada, com um cheiro que geralmente varia entre o horrível e o pestilento!

O conteúdo dos sacos é eliminado quando ocorre contração dos esfincteres anais, quer no decorrer da defecação normal, quer quando se encontram nervosos e agitados.

Esta secreção produz um odor próprio de cada animal, e serve como forma de identificação individual e marcação de território através das fezes.


Como se desenvolvem os problemas dos sacos anais?

A doença dos sacos anais desenvolve-se em três fases: impactação, saculite, e abcesso.

A impactação dos sacos anais ocorre quando a secreção se torna muito espessa, ocorrendo acumulação e distensão do saco anal. Esta secreção costuma ser de cor acastanhada.
Nesta fase, é necessário realizar a expressão manual do conteúdo dos sacos (processo vulgarmente conhecido como: "espremer as glândulas"). Este procedimento é feito pelo médico veterinário ou pelo próprio proprietário do animal (após instrução do médico veterinário).

Atenção, só é necessário realizar este procedimento quando o animal tem impactação do saco anal. Um animal que não manifesta qualquer problema não precisa de o fazer.




Quando ocorre inflamação do saco anal estamos perante uma saculite anal, e surge na sequência de um processo de impactação. Nesta fase pode ocorrer infeção bacteriana, e a secreção torna-se mais fluída e com coloração amarelada, esverdeada (pus) ou sanguinolenta.

Na fase final do processo pode ocorrer um abcesso cuja parede pode roturar e desenvolver-se fístula através da qual sai o conteúdo.


Quais as causas?

A causa exata não é conhecida. Parece haver maior predisposição em raças pequenas, animais obesos, animais com tonicidade dos esfincteres anais diminuída, e animais com tendência a ter fezes mais moles ou diarreia.


Quais os sinais e sintomas de doença do saco anal?

  • Animal arrasta o ânus pelo chão
  • Animal lambe constantemente o ânus e zona peri-anal
  • Tenesmo (tentativas repetidas para defecar) e dificuldade em defecar
  • Tumefacção de um dos lados do ânus, normalmente muito dolorosa e vermelha nas situações de saculite e abcesso
  • Descarga purulenta ou sanguiolenta resultante da rotura de um abcesso
  • Febre (situações graves)

Qual o tratamento?

Nos animais com episódios de impactação frequente é necessário realizar a expressão manual dos sacos anais numa base regular.

Quando se desenvolve saculite anal, é realizada a expressão manual do conteúdo dos sacos anais, seguido de antibioterapia local e sistémica.

A resolução dos abcessos passa por limpeza da zona e antibioterapia. Se o abcesso não tiver roturado, o seu médico veterinário poderá proceder à abertura cirúrgica do mesmo. 

Muitos deste procedimentos podem requerer a sedação do animal, visto este ser um processo muito doloroso.


Nas situações de saculite e abcessos recorrentes, pode ser necessário realizar a remoção cirúrgica do saco anal.

terça-feira, outubro 22, 2013

Otites em cães e gatos

A otite externa em cães e gatos, mais concretamente a inflamação do canal auditivo externo, é uma das razões mais comuns pelas quais os donos levam cães e gatos à consulta.


O canal auditivo externo corresponde ao canal vertical mais o canal horizontal
(forma de L), que se estende desde o pavilhão auricular (orelha), até ao tímpano

Sintomas

Um animal com otite externa apresenta normalmente prurido auricular, abana e sacode frequentemente as orelhas, roça as orelhas pelas paredes e chão, as orelhas apresentam-se com cor avermelhada, pele espessada, pode existir secreção mais abundante com cor que pode variar desde o amarelado, ao esverdeado e ao castanho escuro. A secreção apresenta frequentemente um cheiro nauseabundo. Muitas vezes a orelha encontra-se para baixo e o animal inclina a cabeça para o mesmo lado da otite. A situação pode ser bastante dolorosa.





Causas

As causas e fatores predisponentes para o aparecimento de uma otite externa são variadas:

  • Causas alérgicas, ambientais ou alimentares
  • Corpos estranhos - entrada de ervas no canal auditivo (vulgarmente as praganas-espigas no Verão)
  • Entrada de água no canal auditivo (resultante de banhos)
  • Distúrbios de queratinização- como Seborreia idiopática 
  • Excesso de produção de cerúmen
  • Bactérias - como Staphylococcus spp. e Pseudomonas, responsáveis frequentemente por otites crónicas
  • Fungos e leveduras - como Malassezia pachydermatis
  • Ácaros - como o Otodectes Cynotis, esta infeção é bastante comum, principalmente nos gatos, e é responsável pelo aparecimento de uma secreção castanha escura, onde por vezes se conseguem vizualizar pontos brancos a olho nu (os ácaros)


  • Tumores e pólipos

Diagnóstico

O diagnóstico de otite externa é feito através do exame clínico, observação do canal auditivo externo e eventualmente citologia para determinar o agente infeccioso envolvido.




Tratamento

O tratamento de uma otite externa depende da sua causa, com já vimos, as otites não são todas iguais, e passa pela correção das causas sistémicas e pelo tratamento local da causa específica.

Genericamente o tratamento de uma otite passa por uma limpeza do canal auditivo (veja como limpar os ouvidos do seu animal), por aplicação de gotas ou pomada com antibiótico, antifúngico ou antiparasitário, diretamente no canal auditivo, e por vezes, por terapêutica oral associada.


Observe regularmente os ouvidos do seu animal e esteja atento aos sintomas, desta forma poderá atuar mais precocemente e prevenir complicações e danos mais extensos.