A desparasitação, quer interna, quer externa, é um pilar essencial da medicina veterinária preventiva.
Tendo já abordado as questões relacionadas com os parasitas externos num outro artigo (Pulgas, carraças e mosquitos!), impunha-se agora abordar o tema da desparasitação interna, mais concretamente, da desparasitação intestinal.
Os planos de desparasitação intestinal são normalmente definidos no decorrer das consultas de vacinação, mas embora inicialmente os proprietários adiram com entusiasmo, é fácil de verificar que a desparasitação intestinal é algo que rapidamente passa para segundo plano.
Entre as causas para a ocorrência deste facto encontram-se o esquecimento por parte dos proprietários, as dificuldades de administração dos desparasitantes (frequentemente comprimidos para administração por via oral), dificuldades económicas, aconselhamento de outras entidades não veterinárias (amigos, vizinhos, lojas de animais), e a não visualização dos parasitas nas fezes dos animais, concluindo-se que o animal não está parasitado (o que não é necessariamente verdade).
Entre as causas para a ocorrência deste facto encontram-se o esquecimento por parte dos proprietários, as dificuldades de administração dos desparasitantes (frequentemente comprimidos para administração por via oral), dificuldades económicas, aconselhamento de outras entidades não veterinárias (amigos, vizinhos, lojas de animais), e a não visualização dos parasitas nas fezes dos animais, concluindo-se que o animal não está parasitado (o que não é necessariamente verdade).
O que é importante entender, é que a desparasitação intestinal regular é essencial não só para a saúde do seu animal mas também para a saúde humana, porque vários parasitas são transmissíveis ao Homem e são potenciais causadores de doença.
Parasitas intestinais mais comuns
Nemátodes (vermes redondos ou lombrigas)
Ascarídeos e Ancylostoma
Ascarídeos (Toxocara canis) |
São parasitas que afetam principalmente animais jovens, alguns atravessam a barreira placentária e também se transmitem através do leite materno. Os animais adultos podem contaminar-se através da ingestão de ovos e larvas existentes no meio ambiente (nos jardins, em brinquedos contaminados), ou quando ocorre penetração de larvas através da pele (caso do Ancylostoma caninum).
Tricurídeos
São parasitas do intestino grosso e afetam principalmente adultos que se contaminam através da ingestão dos seus ovos.
Tricurídeos |
Céstodes (vermes achatados ou ténias)
Dipylidium caninum
Ténia reconhecida pelos proprietários dos animais como tendo aspeto de um bago de arroz (que na realidade são apenas segmentos do parasita carregados de ovos) Os animais contaminam-se através da ingestão de pulgas (hospedeiro intermédio da ténia).
Echinococcus granulosus
É uma ténia pequena cujo hospedeiro definitivo é o cão. É o agente da hidatidose ou quisto hidático.
O parasitismo nos animais
Os animais parasitados podem desenvolver vários quadros de doença, desde os mais graves aos mais simples, podendo estar presentes sintomas como diarreias, vómitos, dilatação abdominal, emagrecimento ou pelo baço. Nos quadros mais graves podem ocorrer obstruções intestinais por parasitas com risco de vida para o animal.
Alguns animais podem ter infeções subclínicas, ou seja, não manifestam sintomas e não se observam parasitas nas fezes, mas podem contaminar o meio ambiente.
Doenças provocadas por parasitas intestinais de cães e gatos no Homem
- Larva migrans visceralis (provocada pelo ascarideo Toxocara canis)
- Larva migrans ocular (provocada pelo ascarideo Toxocara canis)
- Larva migrans cutânea (provocada por Ancylostoma caninum)
- Quisto hidático (provocada por Echinococcus granulosus, pode afetar os pulmões e o fígado)
Larva migrans cutânea |
Protocolos de desparasitação
Os esquemas de desparasitação são normalmente adaptados ao animal, à sua espécie, idade, peso, meio ambiente em que se insere, à facilidade de administração e tendo em conta os tempos que correm, às condicionantes económicas dos proprietários.
Será o médico veterinário que irá aconselhar o tipo de desparasitante (um cachorro, gatinho ou fêmea gestante não farão o mesmo desparasitante de um animal adulto), a forma de administração e a frequência com que será realizada.
Os protocolos genéricos mais usados são:
Cachorros e gatinhos
Iniciam desparasitação aos 15 dias de vida, repetindo de 15 em 15 dias até aos 3 meses, e depois, uma vez por mês até aos 6 meses.
Animais a partir dos 6 meses
Desparasitação ideal de 3 em 3 meses
Animais gestantes
Desparasitar 15 dias antes e 15 dias após o parto
Qual o desparasitante que deve ser usado?
Normalmente é usado um desparasitante de largo espetro, ou seja, com capacidade de atuar em diversos tipos de parasitas.
Existem vários medicamentos no mercado e com formas de administração diversas, desde comprimidos, pastas e soluções para administração oral, a soluções spot-on para aplicação tópica (na pele), esta solução é frequentemente adotada quando os proprietários não conseguem administrar medicamentos por via oral.
Agora caro leitor, pergunte a si próprio: quando foi a última vez que desparasitou o seu animal?