domingo, outubro 06, 2013

Os cães na sociedade

Existem questões, dúvidas, equívocos e até erros recorrentes por parte dos proprietários dos cães, que quando não esclarecidos e corrigidos, podem originar situações complicadas de gerir a nível comportamental e da saúde física do animal.

Aproveitando o Dia do Animal e o Dia do Médico Veterinário, a Ordem dos Médicos Veterinários lançou um video com conselhos muito simples, mas extremamente importantes para uma melhor compreensão e uma futura melhor relação entre pessoas e cães.

O video aborda vários temas no âmbito do comportamento animal, como a questão da socialização de cachorros, a interação com crianças, a linguagem corporal dos cães (com maior relevância para os sinais de ansiedade e agressividade), conselhos sobre a forma de treinar um cachorro, abordando ainda algumas questões de saúde e medicina preventiva, como as vacinas necessárias, desparasitações, ou as vantagens de esterilizar o seu animal.

Sendo uma apresentação repleta de conselhos importantes, aconselho todos os proprietários ou futuros proprietários de amigos de patas e bigodes que ladram, a disponibilizar cerca de 15 minutos para o visualizarem.





Não se arrependeram pois não...

quinta-feira, outubro 03, 2013

Amanhã é o Dia Mundial do Animal

4 de Outubro

Dia Mundial do Animal

Dia de São Francisco de Assis, padroeiro dos animais

Dia do Médico Veterinário


O Dia do Animal é comemorado anualmente em 4 de Outubro. A data foi escolhida porque este é o dia da festa de S. Francisco de Assis, padroeiro dos animais.
A ideia tomou forma durante uma convenção de ecologistas em Florença, decorria o ano de 1931, a preocupação inicial prendia-se com as espécies animais em extinção.

Os objetivos da celebração do Dia do Animal são a sensibilização da população para a necessidade de proteger os animais e a preservação das espécies, mostrar a importância dos animais na vida das pessoas e celebrar a vida animal em todas as suas vertentes.

As escolas, as associações e as autarquias, costumam assinalar esta data com vários eventos e iniciativas.
Descubra quais as atividades que estão planeadas na sua cidade.
Deixo-lhe aqui algumas sugestões.

Lisboa

Loures

Mafra - Centro de Recuperação do lobo Ibérico

Cascais

Oeiras

Matosinhos

Vila Nova de Gaia- Walk Animal 4 de Outubro


Feliz dia do animal

terça-feira, outubro 01, 2013

Com que frequência posso dar banho ao meu cão?




Esta questão,  muitas vezes colocada pelos donos dos cães, não tem apenas uma resposta.

Existem cães que não precisam de banhos muito frequentes e outros que até podem necessitar de mais de um banho por semana.

O banho  tem como objetivo principal  a manutenção da higiene e da saúde da pele e do pêlo, mas pode ser também usado com fins terapêuticos, no tratamento de diversos problemas dermatológicos.

A perceção geral é de que banhos muito frequentes prejudicam a pele e o pêlo dos cães.

Na realidade, o banho excessivo, principalmente se o champô não for adequado, poderá arrastar a gordura natural da pele e desta forma fragilizar a pele e torná-la mais sensível a problemas, a pele irá ficar mais seca e irritada, o que provocará prurido no animal. Além disso, haverá maior atividade das gândulas sebáceas e consequentemente, "cheiro a cão" mais intenso, precisamente aquilo que se quer combater.

Como regra geral, se o animal não tiver qualquer problema dermatológico, recomendo que a frequência do banho seja mensal. 
Entre banhos, a escovagem regular da pelagem, e a passagem de toalhetes de limpeza próprios ou mesmo um pano húmido pelo corpo do animal, ajuda-lo-à a manter-se limpo.







O champô a usar deve ser um champô específico para cães









Os nossos champôs não devem ser usados em cães porque estão adequados ao pH da nossa pele, que é mais ácido que o da pele dos cães. Os champôs para pessoas provocam secura e irritação na pele do seu cão.



Se pretender que o seu cão tome mais do que um banho por mês, deverá utilizar para o efeito, um champô de frequência e com propriedades emolientes e hidratantes. O seu médico veterinário pode aconselhá-lo.

No caso do seu cão se apresentar com algum problema dermatológico (atopia, piodermatites, infeções por fungos, etc), o seu médico veterinário assistente poderá prescrever champôs específicos (medicamentosos) para ajudar no tratamento da doença.
Nestas situações, a frequência dos banhos pode ser variável consoante a gravidade da situação e o objetivo que se pretende atingir, mas não fique surpreendido se a prescrição recomendar dar banho duas vezes por semana ao seu cão.

Atenção, um odor desagradável, permanente, e que não se resolve com o banho, não é normal, e poderá ser um indício de alterações dermatológicas. 
Estes animais devem ser avaliados em consulta.

Bons banhos aos canídeos, de preferência com donos secos!


sábado, setembro 28, 2013

Raiva, um risco real!



O dia 28 de Setembro é assinalado desde 2007 como o Dia Mundial contra a Raiva, estando associadas a este dia, ações com o objetivo de alertar, educar e combater esta doença a nível mundial.

Em Portugal, a raiva encontra-se oficialmente erradicada desde 1956. Esta meta foi alcançada graças à instituição da vacinação anual obrigatória desde 1926 pelos serviços veterinários oficiais.

A obrigatoriedade da vacinação anti-rábica para todos os cães mantem-se até aos nossos dias. 

A questão "Se não há raiva em Portugal porque razão terei de vacinar o meu cão?", ou a declaração "Eu não quero vacinar o meu cão contra raiva porque já não existe em Portugal", são frases que os médicos veterinários portugueses estão habituados a ouvir na sua prática clínica diária.

Para percebermos a importância da vacinação, temos de saber o que é esta doença e quais as suas consequências.

A raiva é uma doença viral, altamente contagiosa, que afeta várias espécies animais, tal como o cão, o gato, morcegos, raposas, lobos, alguns herbívoros (como vacas), afetando também o Homem

A raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida entre animais e humanos.

A raiva é transmitida através da saliva do animal infetado e é inoculada no organismo através da mordedura ou através do contacto com arranhões ou feridas abertas na pele ou mucosas. O vírus afeta o sistema nervoso, e provoca como sintomas febre, irritabilidade, ansiedade, agressividade, maior sensibilidade ao toque, à luz e ao som, e à medida que a doença vai evoluindo, ocorre paralisia da faringe e laringe com o característico aumento de saliva/espuma na boca, maior incoordenação motora, convulsões e morte.



O período de incubação da doença (período no qual ainda não há sintomas) pode variar entre 2 a 8 semanas, no entanto, o animal pode começar a transmitir a doença até 10 dias antes de exibir qualquer sintoma.
Por esta razão, em caso de mordedura/agressão, é necessário que o animal fique em quarentena/sequestro, por um período de 15 dias, período no qual é avaliado por um médico veterinário quanto ao surgimento de sintomas de raiva.

Não existe tratamento para a doença após o aparecimento de sintomas, quer em animais, quer em humanos.

A doença é mortal!


Os animais afetados são normalmente eutanasiados.

No caso dos humanos, é possível fazer um tratamento preventivo que impeça o desenvolvimento da doença antes do surgimento dos sintomas. Este tratamento tem que ser instituído com urgência em caso de suspeita de contacto com um animal afetado.

Nesta fase alguns leitores pensarão: " Está bem, a doença transmite-se aos Humanos e é mortal, mas continua erradicada em Portugal. Qual é o risco? Por que razão devo vacinar?"

A resposta é só uma: mobilidade elevada de pessoas e animais.

Não vivemos sós no mundo e através das nossa fronteiras circulam diariamente pessoas e animais, das várias partes do mundo, e infelizmente, nem sempre as regras se cumprem.


Exemplos...

No passado mês de Junho, um cão foi eutanasiado depois de ter mordido 5 pessoas. O cadáver foi enviado para análise e verificou-se que o animal tinha raiva. Este animal entrou em Espanha através de Marrocos e percorreu algumas províncias de Espanha (também podia ter percorrido algumas regiões de Portugal). O que poderia ter ocorrido se a generalidade dos cães em Espanha não estivesse vacinado?

Em 2011 duas pessoas morreram em Portugal após terem contraído raiva. Estas pessoas contraíram a doença em países africanos de Língua Oficial Portuguesa e não em Portugal. Sabemos no entanto que as deslocações entre países africanos e Portugal são atualmente muito frequentes, e a entrada de um animal afetado não será totalmente impossível.


Ainda acha que o risco não é real?

Pela saúde do seu animal e pela saúde de todos nós, vacine anualmente o seu cão contra a raiva.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Traqueobronquite infeciosa ou "tosse do canil"



A traqueobronquite infeciosa é mais conhecida pelos proprietários de cães como "tosse do canil" ou até, "gripe dos cães", é uma doença que afeta as vias aéreas superiores dos cães, e é de muito fácil transmissão, sendo mais frequente em animais que mantêm contacto próximo com outros animais, tal como acontece em hoteis canil  ou em albergues, ou até em hospitais veterinários.


Desenganem-se os donos que acham que os seus cães não estão em risco porque não frequentam estes espaços, o simples contacto com um animal infetado durante o seu passeio regular no jardim à porta de casa, pode ser o suficente para o seu cão contrair a doença.

A "tosse de canil" é uma doença que pode ocorrer em qualquer altura do ano, poderá ocorrer um pouco mais quando as temperaturas baixam e os espaços são menos ventilados.


Quais as causas desta doença?

Causas e não causa!
São vários os agentes patogénicos , de entre vírus e bactérias, responsáveis pelo desenvolvimento desta doença, podendo existir de forma isolada ou associada.
Os agentes mais comuns são:
  • a Bordetella bronchiseptica (Bb), uma bactéria
  • o vírus da Parainfluenza canina (Pi)
  • Adenovírus tipo 2
  • Herpesvírus canino
  • Reovírus canino

Como se transmite a doença?

É uma doença altamente contagiosa, transmite-se principalmente por via aérea (pela tosse e espirros) e por fomites (objetos e superfícies contaminadas, tal como comedouros e bebedouros).


Quais são os sintomas?

É uma doença caracterizada por acessos de tosse seca e intensa. Os proprietários descrevem frequentemente a situação com se o animal tivesse algo preso na garganta.
Estes acessos ocorrem frequentemente após um período de maior atividade ou excitação. 


Os animais podem por vezes parecer querer vomitar ou podem mesmo vomitar algum fluído.
Regra geral os animais encontram-se ativos, com apetite normal e sem febre.

A maior parte dos quadros clínicos é relativamente ligeiro e pode ser auto-limitante.

Existe a possibilidade de complicação para broncopneumonia, principalmente em animais muito jovens ou mais debilitados. Nestes casos, os animais podem surgir mais prostrados, com febre, sem apetite ou com dificuldades respiratórias.


Qual o tratamento?

O tratamento da doença consiste principalmente no alívio dos sintomas.
São administrados normalmente antibióticos para o tratamento da infeção com Bordetella bronchiseptica (Bb) e infeções bacterianas secundárias.


Como se previne?

A vacinação é a melhor forma de proteger o seu cão contra esta doença.
Existem várias vacinas disponíveis no mercado.


Muitas vacinas polivalentes (as que habitualmente administra ao seu animal anualmente) incluem a proteção contra o vírus da Parainfluenza canina mas não incluem proteção contra Bordetella bronchiseptica.

Poderá fazer uma Vacina injetável contra tosse de canil que inclui proteção contra os dois agentes.

As vacinas injetáveis devem ser administradas em duas doses com intervalo de 3 a 4 semanas. O animal encontra-se protegido 10 a 15 dias após a vacinação. O reforço é anual.

Existe ainda uma vacina de administração intranasal que confere proteção contra os dois agentes infeciosos mencionados e que poderá ser usada em situações em que os animais estão em maior risco de contrair a doença. Tem a vantagem de conferir uma maior proteção local e da imunidade se desenvolver em 4 dias. Como é uma vacina viva atenuada, alguns animais poderão desenvolver ligeiros sintomas da doença.

A desinfeção dos espaços e objetos e a ventilação do meio ambiente, são importantes medidas a tomar para diminuir a probabilidade de infeção por estes agentes patogénicos


Se pretende colocar o seu animal em hotel canil, é aconselhável efetuar a vacinação com pelo menos 15 dias de antecedência.