sexta-feira, setembro 13, 2013

O gato preto e a sexta feira 13

"Gato preto dá azar" e outras superstições!




Cada vez que se aproxima uma sexta feira dia 13, multiplicam-se os apelos e alertas a quem tem gatos pretos, de forma a salvá-los e protegê-los daqueles que os pretendem utilizar em cultos e rituais satânicos. Consegui ainda perceber que, em alguns locais, não são permitidas as adoções destes amigos de pelagem negra quando se aproxima uma sexta feira 13, o Dia das Bruxas ou a Semana Santa.





Sempre me perguntei, se na realidade existirão ainda pessoas neste mundo com mentalidade de Idade Média capazes de tais atrocidades, ou se estes apelos são apenas resposta aos mitos urbanos e lendas ancestrais associadas aos gatos pretos. Felizmente, nunca me deparei com nenhuma situação resultante destas atividades, mas, neste mundo, tantas vezes mais selvagem que humano, não existem improváveis nem impossíveis.

Por cá, a avaliar pelo número de gatos pretos que são atendidos frequentemente nas consultas, parece-me que os donos de gatos não são muito supersticiosos, e em vez de azar, têm a sorte de ter um belíssimo gato de pelagem negra e brilhante como companhia.

Durante a Idade Média, a cor negra da pelagem, os olhos brilhantes, o fato de serem animais de atividade essencialmente noturna , de caçarem ratos e aves e serem companhia de mendigos e pobres, e o fato de serem avistados em locais supostamente povoados por bruxas e feiticeiras, levou a que os gatos pretos fossem associados ao mal e às trevas, ao demónio e à magia negra.



Pensava-se que as bruxas se poderiam transformar em gatos pretos, sendo esta a origem da crença "se um gato preto se cruzar no nosso caminho, iremos ter azar".



Muitas foram as lendas e histórias que ajudaram a cimentar esta crença durante a Idade Média. 
Conta-se que na Alemanha, uma  suposta feiticeira, ter-se-à transformado num gato preto enquanto ardia na fogueira.
Numa outra lenda, um pai e um filho cruzaram-se com um gato preto que estava magoado e coxeava, e que entrou numa casa pertencente a uma senhora conhecida por recolher gatos. No dia seguinte, essa mesma senhora encontrava-se a coxear.
O rei D. Carlos I de Inglaterra também possuía um gato preto, que morreu no dia anterior ao rei ser preso e levado para os calabouços, foi posteriormente decapitado.

As superstições variam de país para país e de cultura para cultura, e embora o gato preto esteja mais associado ao infortúnio, existem algumas crenças que o associam à boa sorte e prosperidade, sendo que a sorte e o azar podem ser meras questões de localização geográfica:


  • Estados Unidos e muitos países europeus - Se um gato preto se cruzar no seu caminho significa que terá azar.
  • Reino Unido e Japão- Gato preto trará sorte
  • Itália - Se um gato preto subir para a cama de alguém doente, essa pessoa irá morrer.
  • Alemanha - Se o gato cruzar o caminho da esquerda para a direita é mau sinal, se pelo contrário cruzar da direita para a esquerda, o futuro será aprazível.
  • China - Sinal de má sorte e pobreza.
  • Escócia - Gato preto no alpendre trará felicidade e fortuna.
  • Letónia - Gato preto encontrado no meio das culturas agrícolas é razão para felicidade.

Desejo-lhe uma excelente sexta feira 13, sem percalços ou azares, e, "não vá o diabo tecê-las", mantenha o seu felino negro dentro de quatro portas, longe da influência de alguma ignorância residual que possa povoar o exterior.

quinta-feira, setembro 12, 2013

Intoxicação por ingestão de uvas em cães

Sabia que seu cão não pode comer uvas?


Por esta altura já vários leitores estarão a comentar " o meu cão toda a vida comeu uvas e nunca ficou doente ou intoxicado".

As uvas e passas de uva podem ser tóxicas para o seu cão (também para gatos, mas estes são mais seletivos naquilo que ingerem e estas situações são menos frequentes).

Ainda não se conseguiu determinar exatamente, qual o composto que provoca a toxicidade (ocratoxina, taninos, pesticidas), e na verdade, nem todos os cães desenvolvem quadros de intoxicação após a ingestão de uvas.

O mecanismo da intoxicação não está definido, mas o risco da situação reside no fato de muitos cães desenvolverem uma insuficiência renal aguda que os poderá levar à morte.


Sintomas de intoxicação
  • Vómito, pode iniciar poucas horas após a ingestão
  • Diarreia (pode conter vestígios de uvas)
  • Perda de apetite, fraqueza
  • Dor abdominal
  • Oligúria (o animal urina pouca quantidade)
  • Anúria (o animal não produz urina, estaremos perante uma insuficiência renal aguda).

Primeiros socorros em casa

Se perceber que o seu animal ingeriu uvas e passaram menos de duas horas após a ingestão, poderá induzir o vómito:

  • Administre por via oral peróxido de hidrogénio a 3 º/o (água oxigenada a 10 volumes, a vulgar para desinfeção de feridas), entre 1 a 5 ml por Kg. Aguarde 15 minutos para o animal vomitar. Se não funcionar poderá repetir o processo mais duas vezes.
  • Administre água saturada de sal (a água fica branca de sal). Este método é menos usado mas também eficaz.

Atenção, só poderá induzir o vómito do seu cão se este estiver completamente consciente.
Se não conseguir induzir o vómito, ou se conseguir mas o animal está muito prostrado ou apresenta outros sintomas, deverá dirigir-se à clínica ou hospital veterinário.


Tratamento

O tratamento dependerá da situação clínica do animal e da situação da sua função renal.
Nestes casos será sempre necessário fazer algumas análises para verificar até que ponto a função renal se encontra afetada.

O tratamento da intoxicação passa por fluidoterapia intensiva (soro), medicação para estimular a produção de urina quando esta é insuficiente e medicação para controlar os sintomas da parte gastrointestinal (os vómitos e diarreia).
Quando em presença de uma insuficiência renal aguda em que não se verifica rapidamente uma evolução positiva, está indicado fazer hemodiálise ou diálise peritoneal.

Prevenção

Não ofereça uvas ou passas de uva como guloseima ou recompensa ao seu cão, e se verificar que ele tem especial apetência por este fruto, não o deixe acessível onde o seu animal possa chegar.


Mesmo que o seu animal nunca tenha manifestado sinais de intoxicação após a ingestão de uvas, jogue pelo seguro.

segunda-feira, setembro 09, 2013

Síndrome do cão nadador ou do cão plano

A história do cachorro Mick tem comovido muitas pessoas e muitas me perguntam o que é este síndrome e o que o provoca.



O cachorro nadador não consegue andar, apresenta os membros anteriores afastados lateralmente, o tórax e o abdómen estão assentes no chão, e os membros posteriores podem estar esticados ou podem apresentar outra posição por alteração da articulação do joelho (casos mais graves e com pior prognóstico).
Estes cachorros arrastam-se pelo chão usando os membros anteriores de uma forma que parece que estão a nadar.
Estes animais apresentam um tórax achatado (podem apresentar outras deformações associadas como pectus escavatum-depressão do esterno e costelas) e um abdómen arredondado.


Em relação à causa, não existe muito consenso. Pensou-se que os pisos escorregadios podiam provocar este problema, no entanto, também existem casos de cachorros nadadores em pisos não escorregadios. Causas nutricionais (como deficiências vitamínicas), toxinas no leite materno, e origem genética também foram consideradas mas as respostas não são conclusivas.

Os animais mais predispostos são cães de raças pequenas (Yorkshire Terrier, West Highland White Terrier,) e cães com membros curtos e tórax largo (Pequinês, Bulldog Francês, Bulldog Inglês).

Os cachorros normais começam a andar entre as 2 e as 3 semanas de idade. Quando um cachorro não consegue andar às 3 semanas podemos estar na presença de um cachorro nadador.
Os cachorros normais dormem de lado, estes cachorros dormem de barriga para baixo e não conseguem permanecer na posição lateral.
Devido à sua conformação, têm dificuldade em respirar e respiram frequentemente com a boca aberta.
Como não mamam corretamente, regurgitam e podem aspirar o leite para os pulmões e desenvolver uma pneumonia, sendo esta uma causa de morte frequente nestes cachorros.

Como tratar estes animais?

Alguns destes animais recuperam espontaneamente e outros têm bom prognóstico com intervenção precoce. Em casos mais graves com outras malformações associadas, o prognóstico pode ser mais grave.

  • Os cachorros nadadores devem ser colocados frequentemente de lado quando dormem
  • Quando mamam, devem ser colocados nos mamilos mais perto do chão, devendo ser colocados de lado segurando a sua cabeça e corpo enquanto mamam
  • Embora não exista uma relação causal, os solos lisos e escorregadios podem agravar o problema, devendo por isso evitar colocar os cachorros nestas superfícies
  • Os membros devem ser massajados 
  • Podem ser colocadas bandas adesivas a unir os membros de forma a serem mantidos na posição fisiológica


  • Pode ser colocado um arnês várias vezes por dia de forma a retirar a pressão do tórax e abdómen e manter os membros na posição correta.

  • Natação 

Como prevenir?

Quando a causa não é verdadeiramente conhecida é difícil estabelecer uma a prevenção eficaz, no entanto, é aconselhável não colocar à reprodução animais com historial de cachorros nadadores nas suas ninhadas.


Histórias felizes!

terça-feira, setembro 03, 2013

Regresso a casa e uma infestação de pulgas!!!

Para muitos de nós acabaram as férias e está na altura de regressar a casa e ao trabalho. 
Acabaram os dias sem relógio e sem obrigações e instala-se um certo nervoso miudinho e até alguma pequena irritação por ter de voltar às rotinas, mesmo quando o nosso trabalho é fonte de prazer e satisfação.
Todos estes sentimentos serão comuns a muitos de vós.
O que muitos de vós que têm cães ou gatos, e que deixaram a casa com os donos para passarem as férias em família ou em algum hotel canil ou gatil não esperarão quando regressarem ao vosso lar será o ataque de centenas de pontinhos pretos sedentos de alimento, e que não escolhem hospedeiro, picando todos os seres de duas e de quatro patas que se atravessem no caminho.

Tem uma infestação de pulgas em casa!
                                                    
                             


Perguntará o leitor: Como entraram as pulgas? Nunca vi pulgas em casa!

A resposta é: Não viu mas já se encontravam em casa quando saiu. 

Para entender o processo temos que perceber um pouco o ciclo de vida da pulga, ou seja, como se reproduz.




A pulga adulta alimenta-se de sangue no seu hospedeiro (animal ou humano) e coloca os seus ovos na superfície do hospedeiro.
Esses ovos vão cair para o chão e irão eclodir em cerca de duas semanas dando origem às larvas de pulga.
As larvas alimentam-se de fezes de pulga e outros detritos orgânicos que se encontram no chão, vão passando por vários estados larvares até se envolverem num casulo e chegarem à fase de pupa. Este processo demora cerca de duas semanas. 
O ciclo completo demorará entre três a quatro semanas.
No entanto, a pulga adulta só sairá do casulo se tiver condições de sobrevivência, ou seja, se tiver um hospedeiro que lhe permita alimentar-se. Desta forma, quando deixamos as nossas casas vazias por períodos mais ou menos prolongados, as pulgas só sairão do seu casulo no momento em que entramos em casa, assim que sentirem a vibração do solo, indicando que alimento fresco está a caminho.

Como prevenir e como resolver o problema?

A prevenção passa por actuar em duas frentes: no animal e no meio ambiente.

O animal deverá ser protegido durante todo o ano porque mesmo durante o Inverno as condições de temperatura e humidade dentro das nossas casas permitem a reprodução das pulga. Essa proteção poderá ser conseguida através da aplicação de antiparasitários externos com ação nos adultos e também nos ovos e larvas, podendo ser associados medicamentos de administração oral que atuam diretamente na reprodução da pulga.
Saiba mais sobre as soluções existentes em:


A prevenção no meio ambiente passa por aspirar regularmente e lavar o solo e tecidos onde o animal passe mais tempo. 
Os tapetes, carpetes e chão de madeira com frestas são ambientes mais propícios ao desenvolvimento das pulgas, sendo os mosaicos muito mais fáceis de manter.
Poderão ser utilizados inseticidas de ambiente para controlar a população.
Atenção que a maior parte destes inseticidas é tóxico para pessoas e animais, e não devem ser colocados nos locais que vão ser frequentados imediatamente. Eu costumo recomendar que o tratamento seja feito num dia de fim de semana, sendo a aplicação feita de manhã e deixando as janelas abertas, o produto atua enquanto a família (animais incluídos) vai passear. No final do dia basta aspirar e lavar. Mesmo assim deve limitar o acesso dos animais ás zonas tratadas.
Deve sempre respeitar as indicações de segurança dos produtos.
Considero os dois exemplos seguintes seguros e eficazes.

Produto para tratamento de meio ambiente
Não tóxico para animais e pessoas
Encontra em centros médico veterinários
Encontra em superfícies comerciais
Recomendo uma aplicação de um produto de controlo ambiental no dia que sair para férias, desta forma conseguirá controlar a reprodução.

As camas, mantas e cobertores dos animais devem ser lavadas regularmente a temperaturas elevadas.



A resolução da situação quando já temos o problema instalado passa por:
  • Aplicação de antiparasitário externo no animal
  • Administração oral de medicamentos ao animal que ajudem a eliminar rapidamente as pulgas (ex:Capstar)
  • Aplicação de produto de controlo ambiental
  • Lavagem de superfícies e camas de animais.
Existem soluções eficazes e rápidas para resolver o problema, não desespere e atue rapidamente.