quinta-feira, setembro 12, 2013

Intoxicação por ingestão de uvas em cães

Sabia que seu cão não pode comer uvas?


Por esta altura já vários leitores estarão a comentar " o meu cão toda a vida comeu uvas e nunca ficou doente ou intoxicado".

As uvas e passas de uva podem ser tóxicas para o seu cão (também para gatos, mas estes são mais seletivos naquilo que ingerem e estas situações são menos frequentes).

Ainda não se conseguiu determinar exatamente, qual o composto que provoca a toxicidade (ocratoxina, taninos, pesticidas), e na verdade, nem todos os cães desenvolvem quadros de intoxicação após a ingestão de uvas.

O mecanismo da intoxicação não está definido, mas o risco da situação reside no fato de muitos cães desenvolverem uma insuficiência renal aguda que os poderá levar à morte.


Sintomas de intoxicação
  • Vómito, pode iniciar poucas horas após a ingestão
  • Diarreia (pode conter vestígios de uvas)
  • Perda de apetite, fraqueza
  • Dor abdominal
  • Oligúria (o animal urina pouca quantidade)
  • Anúria (o animal não produz urina, estaremos perante uma insuficiência renal aguda).

Primeiros socorros em casa

Se perceber que o seu animal ingeriu uvas e passaram menos de duas horas após a ingestão, poderá induzir o vómito:

  • Administre por via oral peróxido de hidrogénio a 3 º/o (água oxigenada a 10 volumes, a vulgar para desinfeção de feridas), entre 1 a 5 ml por Kg. Aguarde 15 minutos para o animal vomitar. Se não funcionar poderá repetir o processo mais duas vezes.
  • Administre água saturada de sal (a água fica branca de sal). Este método é menos usado mas também eficaz.

Atenção, só poderá induzir o vómito do seu cão se este estiver completamente consciente.
Se não conseguir induzir o vómito, ou se conseguir mas o animal está muito prostrado ou apresenta outros sintomas, deverá dirigir-se à clínica ou hospital veterinário.


Tratamento

O tratamento dependerá da situação clínica do animal e da situação da sua função renal.
Nestes casos será sempre necessário fazer algumas análises para verificar até que ponto a função renal se encontra afetada.

O tratamento da intoxicação passa por fluidoterapia intensiva (soro), medicação para estimular a produção de urina quando esta é insuficiente e medicação para controlar os sintomas da parte gastrointestinal (os vómitos e diarreia).
Quando em presença de uma insuficiência renal aguda em que não se verifica rapidamente uma evolução positiva, está indicado fazer hemodiálise ou diálise peritoneal.

Prevenção

Não ofereça uvas ou passas de uva como guloseima ou recompensa ao seu cão, e se verificar que ele tem especial apetência por este fruto, não o deixe acessível onde o seu animal possa chegar.


Mesmo que o seu animal nunca tenha manifestado sinais de intoxicação após a ingestão de uvas, jogue pelo seguro.

segunda-feira, setembro 09, 2013

Síndrome do cão nadador ou do cão plano

A história do cachorro Mick tem comovido muitas pessoas e muitas me perguntam o que é este síndrome e o que o provoca.



O cachorro nadador não consegue andar, apresenta os membros anteriores afastados lateralmente, o tórax e o abdómen estão assentes no chão, e os membros posteriores podem estar esticados ou podem apresentar outra posição por alteração da articulação do joelho (casos mais graves e com pior prognóstico).
Estes cachorros arrastam-se pelo chão usando os membros anteriores de uma forma que parece que estão a nadar.
Estes animais apresentam um tórax achatado (podem apresentar outras deformações associadas como pectus escavatum-depressão do esterno e costelas) e um abdómen arredondado.


Em relação à causa, não existe muito consenso. Pensou-se que os pisos escorregadios podiam provocar este problema, no entanto, também existem casos de cachorros nadadores em pisos não escorregadios. Causas nutricionais (como deficiências vitamínicas), toxinas no leite materno, e origem genética também foram consideradas mas as respostas não são conclusivas.

Os animais mais predispostos são cães de raças pequenas (Yorkshire Terrier, West Highland White Terrier,) e cães com membros curtos e tórax largo (Pequinês, Bulldog Francês, Bulldog Inglês).

Os cachorros normais começam a andar entre as 2 e as 3 semanas de idade. Quando um cachorro não consegue andar às 3 semanas podemos estar na presença de um cachorro nadador.
Os cachorros normais dormem de lado, estes cachorros dormem de barriga para baixo e não conseguem permanecer na posição lateral.
Devido à sua conformação, têm dificuldade em respirar e respiram frequentemente com a boca aberta.
Como não mamam corretamente, regurgitam e podem aspirar o leite para os pulmões e desenvolver uma pneumonia, sendo esta uma causa de morte frequente nestes cachorros.

Como tratar estes animais?

Alguns destes animais recuperam espontaneamente e outros têm bom prognóstico com intervenção precoce. Em casos mais graves com outras malformações associadas, o prognóstico pode ser mais grave.

  • Os cachorros nadadores devem ser colocados frequentemente de lado quando dormem
  • Quando mamam, devem ser colocados nos mamilos mais perto do chão, devendo ser colocados de lado segurando a sua cabeça e corpo enquanto mamam
  • Embora não exista uma relação causal, os solos lisos e escorregadios podem agravar o problema, devendo por isso evitar colocar os cachorros nestas superfícies
  • Os membros devem ser massajados 
  • Podem ser colocadas bandas adesivas a unir os membros de forma a serem mantidos na posição fisiológica


  • Pode ser colocado um arnês várias vezes por dia de forma a retirar a pressão do tórax e abdómen e manter os membros na posição correta.

  • Natação 

Como prevenir?

Quando a causa não é verdadeiramente conhecida é difícil estabelecer uma a prevenção eficaz, no entanto, é aconselhável não colocar à reprodução animais com historial de cachorros nadadores nas suas ninhadas.


Histórias felizes!

terça-feira, setembro 03, 2013

Regresso a casa e uma infestação de pulgas!!!

Para muitos de nós acabaram as férias e está na altura de regressar a casa e ao trabalho. 
Acabaram os dias sem relógio e sem obrigações e instala-se um certo nervoso miudinho e até alguma pequena irritação por ter de voltar às rotinas, mesmo quando o nosso trabalho é fonte de prazer e satisfação.
Todos estes sentimentos serão comuns a muitos de vós.
O que muitos de vós que têm cães ou gatos, e que deixaram a casa com os donos para passarem as férias em família ou em algum hotel canil ou gatil não esperarão quando regressarem ao vosso lar será o ataque de centenas de pontinhos pretos sedentos de alimento, e que não escolhem hospedeiro, picando todos os seres de duas e de quatro patas que se atravessem no caminho.

Tem uma infestação de pulgas em casa!
                                                    
                             


Perguntará o leitor: Como entraram as pulgas? Nunca vi pulgas em casa!

A resposta é: Não viu mas já se encontravam em casa quando saiu. 

Para entender o processo temos que perceber um pouco o ciclo de vida da pulga, ou seja, como se reproduz.




A pulga adulta alimenta-se de sangue no seu hospedeiro (animal ou humano) e coloca os seus ovos na superfície do hospedeiro.
Esses ovos vão cair para o chão e irão eclodir em cerca de duas semanas dando origem às larvas de pulga.
As larvas alimentam-se de fezes de pulga e outros detritos orgânicos que se encontram no chão, vão passando por vários estados larvares até se envolverem num casulo e chegarem à fase de pupa. Este processo demora cerca de duas semanas. 
O ciclo completo demorará entre três a quatro semanas.
No entanto, a pulga adulta só sairá do casulo se tiver condições de sobrevivência, ou seja, se tiver um hospedeiro que lhe permita alimentar-se. Desta forma, quando deixamos as nossas casas vazias por períodos mais ou menos prolongados, as pulgas só sairão do seu casulo no momento em que entramos em casa, assim que sentirem a vibração do solo, indicando que alimento fresco está a caminho.

Como prevenir e como resolver o problema?

A prevenção passa por actuar em duas frentes: no animal e no meio ambiente.

O animal deverá ser protegido durante todo o ano porque mesmo durante o Inverno as condições de temperatura e humidade dentro das nossas casas permitem a reprodução das pulga. Essa proteção poderá ser conseguida através da aplicação de antiparasitários externos com ação nos adultos e também nos ovos e larvas, podendo ser associados medicamentos de administração oral que atuam diretamente na reprodução da pulga.
Saiba mais sobre as soluções existentes em:


A prevenção no meio ambiente passa por aspirar regularmente e lavar o solo e tecidos onde o animal passe mais tempo. 
Os tapetes, carpetes e chão de madeira com frestas são ambientes mais propícios ao desenvolvimento das pulgas, sendo os mosaicos muito mais fáceis de manter.
Poderão ser utilizados inseticidas de ambiente para controlar a população.
Atenção que a maior parte destes inseticidas é tóxico para pessoas e animais, e não devem ser colocados nos locais que vão ser frequentados imediatamente. Eu costumo recomendar que o tratamento seja feito num dia de fim de semana, sendo a aplicação feita de manhã e deixando as janelas abertas, o produto atua enquanto a família (animais incluídos) vai passear. No final do dia basta aspirar e lavar. Mesmo assim deve limitar o acesso dos animais ás zonas tratadas.
Deve sempre respeitar as indicações de segurança dos produtos.
Considero os dois exemplos seguintes seguros e eficazes.

Produto para tratamento de meio ambiente
Não tóxico para animais e pessoas
Encontra em centros médico veterinários
Encontra em superfícies comerciais
Recomendo uma aplicação de um produto de controlo ambiental no dia que sair para férias, desta forma conseguirá controlar a reprodução.

As camas, mantas e cobertores dos animais devem ser lavadas regularmente a temperaturas elevadas.



A resolução da situação quando já temos o problema instalado passa por:
  • Aplicação de antiparasitário externo no animal
  • Administração oral de medicamentos ao animal que ajudem a eliminar rapidamente as pulgas (ex:Capstar)
  • Aplicação de produto de controlo ambiental
  • Lavagem de superfícies e camas de animais.
Existem soluções eficazes e rápidas para resolver o problema, não desespere e atue rapidamente. 


sábado, agosto 17, 2013

Como limpar os ouvidos do seu animal de estimação?


A observação e higiene regular das orelhas e condutos auditivos do seu cão ou gato é muito importante porque permite detetar os problemas associados mais precocemente e prevenir situações mais graves.

É frequente os animais chegarem à consulta já com otites graves, orelhas traumatizadas ou até otohematomas, resultantes de processos prolongados, e cujos donos só se aperceberam quando o animal começou a abanar insistentemente a cabeça, a coçar as orelhas, quando o cheiro se tornou nauseabundo ou a secreção purulenta começou a decorar as paredes da casa.
Uma das histórias mais comuns é "estou a dar banho ao meu cão todas as semanas e mesmo assim ele continua a cheirar muito mal", ficando muitas vezes os proprietários muito admirados quando percebem que o odor vem de uma otite instalada há semanas.



Os ouvidos são ambientes "quentes e húmidos" e cheios de curvas e reentrâncias, como tal, favorecem o desenvolvimento de alguns agentes como bactérias, parasitas e leveduras que causam inflamações e infeções. Alguns animais poderão ser mais sensíveis a estes problemas, como animais de orelhas caídas ou com muito pelo (como os Cocker Spaniel, os Basset Hound ou os Caniches), ou animais com problemas de alergias.


Com que frequência devo limpar os ouvidos do meu animal?

A frequência necessária dependerá do próprio animal.
Aconselho que observe os ouvidos do seu animal semanalmente. Se não apresentar detritos, não precisa limpar. Animais que produzam mais cerúmen podem beneficiar de uma limpeza semanal. Animais em tratamento para otites podem necessitar de limpeza mais frequente ( a determinar pelo médico veterinário). 
Atenção: a limpeza excessiva pode causar maior irritação dos ouvidos!


O meu animal não pára quieto e eu não consigo limpar ou ouvidos. O que fazer?

Esta é uma questão muito frequente. Os ouvidos são muito sensíveis e os cães e ou gatos não são muito fãs da sua manipulação, principalmente se a associarmos a um processo doloroso.
Tal como acontece com o corte de unhas, os animais devem ser habituados desde jovens à manipulação e limpeza dos ouvidos, associando esta manipulação a experiências agradáveis (pode oferecer uma recompensa como um biscoito).
Muitas vezes serão necessárias duas pessoas para levar a cabo e extenuante tarefa: uma segura, a outra limpa.
No caso dos cães será necessário manter a cabeça segura e quieta, no caso dos gatos poderá enrolar o animal totalmente numa toalha deixando apenas a cabeça livre. O ambiente deverá ser tranquilo e pode aproveitar as alturas em que os animais estejam mais dóceis ou cansados.
Teorias bonitas... Este será o comentário de alguns dos leitores. Grande verdade, para alguns animais poderá não ser possível executar esta tarefa.
Nestes casos continua a ser importante observar regularmente os ouvidos do seu animal para o poder levar ao veterinário assim que detetar algum problema.


Quais produtos que posso usar para limpar os ouvidos do meu animal?

Começarei pelos produtos que não pode usar: água, soro fisiológico, água oxigenada. Estes produtos deixarão o ouvido húmido e vão propiciar o desenvolvimento de infeções. Por esta razão é sempre recomendado um cuidado adicional quando se dá banho aos animais, evitando sempre que entre água dentro dos ouvidos. Poderá usá-los apenas para limpar a zona mais externa do ouvido secando depois muito bem (por vezes acumulam-se detritos que não conseguimos remover doutra forma).

Existem no mercado soluções próprias para a limpeza de ouvidos. Estas soluções permitem dissolver os detritos que se acumulam nos ouvidos. Pode encontrá-las em frasco ou em monodose. Qualquer centro veterinário as terá disponíveis. Existem também toalhitas para limpeza de ouvidos, não permitem no entanto uma limpeza mais profunda do conduto auditivo.


Qual o procedimento para uma correta limpeza?

1-Inspecione o ouvido do seu animal

2-Se a pele estiver lisa, rosada, sem descamação e sem detritos visíveis: não precisa fazer nada.


3-Se observar uma pequena quantidade de cera ou detritos de cor clara, sem cheiro, e a pele apresenta um aspeto saudável: coloque um pouco da solução de limpeza num algodão (ou use uma toalhita) e com ajuda do seu dedo remova todos os detritos. Não avance muito no canal auditivo e não use cotonetes porque pode empurrar as secreções mais para o interior e magoar o animal. Os cotonetes poderão ser utilizados apenas para a limpeza das pequenas curvas exteriores (principalmente nos gatos).

Colocar solução de limpeza auricular no algodão

Remover a secreção visível

Uso do cotonete para limpeza das pregas do ouvido do gato


4-Se verificar que existe muita secreção terá de efetuar uma limpeza mais completa: deve colocar umas gotas diretamente no canal auditivo, de seguida deve massajar a base da orelha (vai ouvir um som de chocalhar, sinal que o produto entrou e está a distribuir-se), o animal irá abanar a cabeça (deixe fazer) e o produto irá sair juntamente com as secreções em excesso. Remova depois com um algodão no dedo o líquido que ficou à entrada do canal auditivo.

Introduzir solução de limpeza auricular no canal auditivo
Massagem da base da orelha

Se verificar que
  • a secreção é exuberante 
  • a secreção tem cor preta, amarela ou esverdeada, 
  • a secreção tem um cheiro nauseabundo
  • a pele do pavilhão auricular está vermelha, a descamar, muito espessa
  • o animal abana a cabeça
  • o animal coça continuamente um ou os dois ouvidos
está na altura de o animal ser observado por um médico veterinário de forma a ser iniciado o tratamento adequado.

Monitorize regularmente os ouvidos do seu cão e do seu gato!