Mostrar mensagens com a etiqueta Doenças dos gatos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Doenças dos gatos. Mostrar todas as mensagens

sábado, agosto 10, 2013

O meu gato vomitou uma bola de pêlo!

Qualquer dono de gato será confrontado mais tarde ou mais cedo com o som do seu animal no desespero de uma regurgitação ou vómito que culmina na expulsão de uma rolo cheio de pêlo.


Todos sabemos que os felinos são muito minuciosos e perfeccionistas no que toca às questões da higiene e utilizam a sua lingua áspera para limpar o pêlo diariamente, desta forma, o pêlo solto é ingerido.






O que se calhar os donos dos gatos não sabem, é que estas bolas de pêlo (nome técnico é tricobezoar), podem não ser totalmente inofensivas.



O pêlo ingerido pelos gatos pode seguir o seu caminho pelo tracto gastro-intestinal e sair juntamente com as fezes. Algum pêlo pode ficar acumulado no estômago e formar o tricobezoar. A expulsão pelo vómito não provoca problemas, no entanto, estes tricobezoares podem atingir dimensões maiores e que não permitam que o animal se livre deles. Estes tricobezoares podem causar irritação local e provocar uma gastrite (inflamação do estômago), ou podem passar para o intestino e causar uma obstrução intestinal, situação esta mais grave, que em situações extremas poderá levar à cirurgia para remoção do tricobezoar que está a impedir a normal passagem das fezes.


Tricobezoar


Os gatos com maior risco de formar tricobezoares são:


  • Gatos de pêlo longo (como os persas)
  • Gatos em épocas de maior queda de pêlo (como muda fisiológica)
  • Gatos com dermatite psicogénica (gatos que arrancam o próprio pêlo por questões psicológicas)
  • Gatos infestados por ectoparasitas (pulgas)
  • Gatos que costumam fazer a higiene de outros gatos da casa

O leitor poderá diminuir a formação de bolas de pêlo e prevenir os problemas associados através de:

  • Escovagem regular de todos os gatos da casa
  • Administração regular de laxantes suaves, que promovem a lubrificação intestinal e facilitam o trânsito do pêlo através do intestino. As pastas de malte são uma boa solução.
  • Alimentação que facilite o trânsito gastro-intestinal (normalmente com maior teor de fibra insolúvel)
  • Controlo de pulgas

Atenção, por vezes os donos dos gatos fornecem ao seu animal ervas e relva colhidas na rua. Além dos riscos inerentes às intoxicações caso estas ervas tenham sido tratadas com herbicidas (já vi acontecer), as próprias ervas podem aglomerar-se e formar um rolo de ervas (fitobezoar), com problemas idênticos aos da formação de tricobezoares.


O vómito frequente num gato não "é normal". Se o seu felino tenta vomitar repetidas vezes sem expulsar nada, vomita com muita frequência e subitamente fica muito prostrado, poderá indicar que está com problemas relacionados com bolas de pêlo e deve ser consultado por um médico veterinário.

domingo, agosto 04, 2013

Insuficiência renal crónica em gatos


A insuficiência renal crónica é uma patologia bastante frequente nestes nossos amigos de patas e bigodes.

É uma doença progressiva e irreversível, que poderá começar a desenvolver-se em qualquer altura da vida do seu gato, mas muitas vezes só é diagnosticada quando os animais já manifestam sintomas de falência renal, normalmente já em idade geriátrica.

O rim é um orgão par e a sua principal função é a de ser o filtro do organismo. Os rins são responsáveis pela eliminação de produtos tóxicos e resíduos. Têm também como outras funções  a regulação de electrólitos, a retenção de água, o controlo da pressão arterial e a libertação de eritropoietina, uma hormona que estimula a produção de glóbulos vermelhos.

As causas de uma insuficiência renal crónica podem ser diversas, desde exposição a toxinas ou alguns medicamentos, infecções (como pielonefrites),   obstruções urinárias, situações traumáticas, tumores (como linfomas) ou doenças genéticas como é o caso da doença renal poliquística (gatos persas  têm maior risco). Frequentemente não é possível determinar com exactidão o que provocou a doença.

Um gato com insuficiência renal pode não apresentar sintomas ou apresentar sintomas muito ligeiros.
Se verificar que o seu gato de meia idade ou idade avançada está com menos apetite, apresenta alguma perda de peso, bebe mais água (polidipsia) e urina um pouco mais (poliúria), é possível que esteja em curso uma insuficiência renal, e deverá levá-lo ao seu médico veterinário para ser feito um check-up renal e iniciar um tratamento que permita fazer a manutenção da função ainda existente.







Mais frequentemente, os gatos surgem na consulta já com sintomas de falência renal, uma fase mais avançada da doença. Nesta fase, os gatos surgem muito desidratados, com vómitos, polidipsia, poliúria, sem apetite,  muito prostrados, com perda de peso acentuada e anemia.

Sendo uma doença de gatos idosos, progressiva e que pode ser assintomática inicialmente, qualquer gato com mais de 7 anos deverá fazer exames de controlo para avaliar o estado da sua função renal.

O diagnóstico de insuficiência renal é feito através de análises sanguíneas de rotina. O seu médico veterinário irá verificar os níveis de produtos que são normalmente eliminados pelo rim, a ureia (BUN), a creatinina e o fósforo. Se os níveis estiverem elevados significa que o rim já não elimina estes produtos como deveria. Poderá ser avaliado também o valor do potássio, que no caso de insuficiência renal crónica estará diminuido. 
Um hemograma permitirá avaliar se o animal apresenta anemia.
Uma análise de urina permitirá verificar a capacidade do rim concentrar a urina (gravidade específica) e pesquisar infecções bacterianas.
Havendo alterações nos valores das análises ou se for detectada alguma alteração ao exame físico ( se durante a palpação abdominal se detectar uma massa ou um aumento ou diminuição do tamanho dos rins), poderá ser necessário efectuar uma ecografia abdominal.





O tratamento do gato em falência renal ou insuficiência renal grave passa inicialmente pela rehidratação e diurese. Normalmente é colocado um catéter endovenoso e o animal fará fluidoterapia intensa (administração de soro) durante alguns dias (3 a 7), período durante o qual irão sendo feitas análises de controlo para avaliar a progressão dos valores alterados.
Durante este período é também importante que o animal comece a alimentar-se, sendo necessário para isso estimular o apetite controlando o vómito e a náusea com os medicamentos adequados.
O animal anémico poderá necessitar de tratamento com eritropoietina ou até de uma transfusão sanguínea.
O tratamento de falência renal é normalmente feito em regime de internamento, no entanto, é sempre desejável que o gato volte rapidamente ao seu ambiente caseiro porque os gatos não toleram bem as hospitalizações.





O gato que se encontra a comer passa normalmente a fazer o tratamento ambulatório.

Como já foi referido, a insuficiência renal crónica é uma doença irreversível, portanto, embora os valores de análises e o estado do animal apresentem evolução positiva, o tratamento terá de  ser mantido e consistirá em:


  • Alimentação do animal com uma dieta renal (dieta de restrição proteica);

  • Se necessário, administração de fluidos subcutâneos com uma frequência que pode ser desde diária a duas  vezes por semana. Esta administração poderá ser feita pelo médico veterinário ou pelo próprio proprietário do animal caso seja possível;


  • Administração oral de medicamentos quelantes de fósforo (ajudam a controlar os níveis sanguíneos do fósforo)(Ipakitine, Renalzin);


  • Administração oral de benazepril, medicamento que ajuda a controlar a hipertensão renal;
  • Administração oral de anti-ácidos para controlar a hiperacidez gástrica (o que provoca náusea e diminuição de apetite).

O prognóstico depende do grau de evolução da doença, no entanto, é possível que um gato com insuficiência renal crónica possa viver com qualidade de vida até cerca de 3 anos.